Infâncias imigrantes, silêncios e fronteiras do cuidado em um CAPS infantojuvenil
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v26i1p145-159Palavras-chave:
Saúde mental pública, Imigração boliviana, Crianças, SilenciamentoResumo
O trabalho aborda o cuidado em saúde mental de crianças de famílias bolivianas em um CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) Infantojuvenil em São Paulo. Essas crianças apresentam dificuldades na aquisição da fala e na interação social, e são encaminhadas majoritariamente pelas escolas. A apresentação de vinhetas clínicas buscará articular suas histórias ao contexto de imigração, às rupturas nas transmissões familiares, vivências de desamparo e estratégias de enfrentamento de um lugar social desqualificado. Discute-se a tendência à redução de tais impasses ao diagnóstico de autismo, cristalizando uma compreensão reducionista e dificultando a diferenciação e singularização dos casos. O silêncio dessas crianças e de suas famílias é entendido como efeitos dos abalos nas transmissões familiares, mas também como formas de resistência à submissão cultural e identitária.
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