Críticas ao lugar de fala mantém interdição às narrativas de mulheres negras

Autores

  • Ceres Marisa Silva dos Santos Universidade do Estado da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.11606/extraprensa2023.220366

Palavras-chave:

Colunistas negros(as), Discursos contra-hegemônicos, Lugar de fala, Mídia, Racismo estrutural

Resumo

Neste artigo, recorro às críticas à ideia de lugar de fala – defendida, principalmente, pelo feminismo negro no Brasil – tendo como pano de fundo a negação da mídia hegemônica de expulsar o racismo estrutural da produção de notícias. Nesse contexto, constato que as críticas, em sua maioria limitadas a argumentos identitários ou de silenciamento às avessas, não consideram a histórica ausência de conteúdos raciais nas narrativas divulgadas na grande mídia, anulando, assim, o lugar de fala. Como exemplo, observo o baixo volume de colunistas negros(as) em mídias impressas e digitais, exercendo o lugar de fala e interferindo na opinião pública. Faço uma análise crítica e analítica de como os discursos do feminismo negro e antirracistas são “cancelados” e de como se cria um limite de negociação que não ultrapassa a presença maior de jornalistas negros(as), principalmente nas redes de televisão brasileiras, o que, apesar das barreiras, é uma novidade.

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Biografia do Autor

  • Ceres Marisa Silva dos Santos, Universidade do Estado da Bahia

    Ativista dos movimentos Negro e de Mulheres Negras; Jornalista doutora em Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), Mestre pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb), docente no curso de Jornalismo em Multimeios da Uneb, campus Juazeiro/BA e integrante do Grupo de Estudos do Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação (Celacc) e coordenadora do Grupo de pesquisas Rhecados (Hierarquizações étnico-raciais, Comunicação e Direitos Humanos).

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Publicado

2023-12-28

Como Citar

Santos, C. M. S. dos. (2023). Críticas ao lugar de fala mantém interdição às narrativas de mulheres negras. Revista Extraprensa, 16(Especial), 7-22. https://doi.org/10.11606/extraprensa2023.220366