O índice de feminidade da CEPAL sob olhar decolonial e feminista negro-latino-americano
DOI:
https://doi.org/10.11606/extraprensa2024.232650Palavras-chave:
Feminismos negros, Colonialidade do saber, Feminização da pobreza, Mulheres negras, CEPALResumo
Este artigo propõe uma análise crítica do Índice de Feminidade da Pobreza (IFP) da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), articulando feminismos negros e pensamento decolonial latino-americano. A partir da série histórica do índice (2001-2023) e de dados de 2018 desagregados por cor/raça e etnia no Brasil e na Colômbia, investiga-se como o IFP, ao operar com categorias universalizantes, reproduz a colonialidade do saber e do poder. Ao negligenciar vulnerabilidades e agências de mulheres negras, o índice reforça epistemologias eurocentradas. Defende-se a necessidade de considerar a racialização dos territórios, os legados da escravidão e a divisão sexual e racial do trabalho para construir leituras mais situadas da pobreza. A proposta é ampliar a compreensão das múltiplas dimensões da pobreza vivenciada por mulheres negras brasileiras e colombianas.
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