Um estudo semântico sobre o léxico do português falado pelos gurutubanos
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v21i2p225-247Palavras-chave:
Léxico, Português Brasileiro, Gurutubanos, Manutenção linguísticaResumo
O intento deste artigo é discorrer sobre o vocabulário do português falado cotidianamente pelos moradores da comunidade quilombola do Vale do Gurutuba, Minas Gerais, focando, especificamente, os casos de manutenção linguística, através da análise semântica das unidades lexicais. Investigou-se, no vernáculo em questão, a possibilidade da presença de aspectos lexicais detectados na língua portuguesa utilizada entre os séculos XIII e XV, apontando, além das questões estruturais, fatores históricos, sociais e geográficos como motivadores de tal conservação. O estudo fundamentou-se nos pressupostos teórico-metodológicos da Lexicologia, Lexicografia e da Linguística Histórica. Discutidas as estreitas relações entre o léxico do português falado pelos gurutubanos e seu universo natural, sócio-histórico e cultural, 254 (duzentas e cinquenta e quatro) unidade lexicais foram selecionadas e sistematizadas em fichas lexicográficas. A partir disso, investigou-se a presença daquelas unidades e das suas acepções em dicionários e pesquisas lexicográficas selecionados para o estudo comparativo desenvolvido. Com base na organização dos dados, as análises foram feitas e seus resultados revelaram que predomina a conservação de unidades lexicais no vocabulário do português falado pelos habitantes do Vale do Gurutuba.
Downloads
Referências
Biderman MTC. Os dicionários na contemporaneidade: arquitetura, métodos e técnicas. In: Oliveira AMPP, Isquerdo AN, organizadores. As ciências do léxico: lexicologia, lexicografia, terminologia. Campo Grande: Ed. UFMS; 2001a. p. 129-142.
Biderman MTC. Teoria linguística: teoria lexical e linguística computacional. São Paulo: Martins Fontes; 2001b.
Biderman MTC. Análise de dois dicionários gerais do português brasileiro contemporâneo: o Aurélio e o Houais. In: Krieger MG; Isquerdo AN, organizadores. As ciências do léxico: lexicologia, lexicografia, terminologia. Campo Grande: Ed. UFMS; 2004. p. 185-200.
Bluteau PR. Vocabulario portuguez e latino. Coimbra: Collegio das Artes da Companhia de Jesus; 1712-1728. [citado 31 ago. 2018]. Disponível em: http://purl.pt/13969 e http://dicionarios.bbm.usp.br/pt-br/dicionario/edicao/1.
Carvalho N. Empréstimos linguísticos na língua portuguesa. São Paulo: Cortez; 2009.
Castro I. Introdução à história do português: geografia da língua - português antigo. Lisboa: Colibri; 2005.
Castro I, Marquilhas R, Acosta L. Curso de história da língua portuguesa. Lisboa; 1991.
Castro YP. Falares africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro. Rio de Janeiro: Topbooks; 2001.
Castro YP. Falares africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro. 2ª ed. Rio de Janeiro: Topbooks; 2005.
Coelho MSV. Os gurutubanos: língua, história e cultura [tese]. Belo Horizonte: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais; 2010.
Cordeiro MJ. Estudo linguístico no Vale do Jequitinhonha: o léxico de Minas Novas [dissertação]. Belo Horizonte: Faculdade de Letras, UFMG; 2013.
Costa JBA. Cultura, natureza e populações tradicionais: Norte de Minas como síntese da nação brasileira. Verde Grande, 2006;1(3)fev.:8-45.
Costa Filho A. Laudo de identificação e delimitação territorial do Quilombo do Gurutuba Brasília: Fundação Cultural Palmares/Universidade Católica de Brasília; 2005. [mimeo].
Costa Filho A. Mansos por natureza: situações históricas e permanência Paresi [dissertação]. Brasília: Programa de pós-graduação em antropologia social/UnB; 2008.
Cruz A, Milani SE, Silva DM, Rezende TF. ALINGO - atlas linguístico de Goiás: léxico-fonético. Rio de Janeiro: Barrra Livros; 2015.
Cruz MLS. O falar de Odeleite. Lisboa: INIC/CLUL; 1991.
Coutinho IL. Pontos de gramática histórica. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico; 1976.
Cunha AG. Dicionário etimológico nova fronteira da língua portuguesa. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 2010.
Faraco CA. Linguística histórica: uma introdução ao estudo da história das línguas. São Paulo: Ática,; 1991. (Série Fundamentos).
Ferreira ABH, Ferreira MB, Anjos M. Aurélio Séc. XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3ª ed. totalm. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 2010.
Ferreira Netto W. Introdução à fonologia da língua portuguesa. São Paulo: Hedra; 2001.
Freire LO. Grande e novíssimo dicionário da língua portuguesa. 2ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio; 1954.
Freitas CJ. Café com quebra-torto: um estudo léxico-cultural da Serra do Cipó/MG [dissertação]. Belo Horizonte: Faculdade de Letras, UFMG; 2012.
Gonçalves MF. A variação lexical no discurso de setecentos: apontamentos sobre o arcaísmo. In: Murakawa CAA, Gonçalves MF, organizadores. Novas contribuições para o estudo da história e da historiografia da língua portuguesa. Araraquara: FCL-UNESP Laboratório Editorial/São Paulo: Cultura Acadêmica; 2007.
Houaiss A, Villar MS. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva; 2001.
Janotti, A. Condicionalismo sócio-cultura das origens do movimento universitário europeu: a singularidade do caso português (VIII). Revista de História, 1974;48.
Labov W. Sociolinguistic patterns. Philadelphia: University of Pennsylvania Press; 1972.
Leão ÂV. História de palavras. Belo Horizonte: Editora PucMinas; 2013.
Machado Filho AVL. Dicionário etimológico do português arcaico. Salvador: Edufba; 2013.
Maia CA. História do galego-português. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian/JNICT; 1986.
Martins TJ. Quilombo do Campo Grande: a história de Minas roubada do povo. São Paulo: A gazeta maçônica; 1995.
Megale H. Filologia bandeirante: itinerários. Araraquara: UNESP; 1998.
Melo GC. A língua do Brasil. 2ª ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas; 1981.
Milroy J. Linguistic variation and change: on historical sociolinguistic of English. Oxford: Basil Blackwell; 1992.
Miranda WMR. O estudo da fraseologia do léxico rural de Sabinópolis – MG [dissertação]. Belo Horizonte: Faculdade de Letras, UFMG; 2013.
Naro AJ, Scherre MMP. Garimpo das origens do português brasileiro. São Paulo: Parábola; 2007.
Oliveira F. Gramática da linguagem portuguesa, 1536. Edição crítica, semidiplomática e anastática. Torres A, Assunção C. Lisboa: Academia das Ciências de Lisboa; 2000.
Pereira B. Thesouro da lingoa portuguesa. Lisboa: Officina de Paulo Craesbeek; 1647.
Piel JM. Origens e estruturação histórica do léxico português. In: Estudos de linguística histórica Galego-Portuguesa, Lisboa, IN-CM; 1989. p. 9-16.
Ribeiro GA. O léxico nos domínios da Zagaia: um estudo linguístico na Serra da Canastra – Minas Gerais [tese]. Belo Horizonte: Faculdade Letras, UFMG; 2016.
Sanford AS. Generative Phonology. Editor, Prentice-Hall: University of California, San Diego; 1973. (Foundations of Modern Linguistics Series).
Silva Neto S. História da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Livros de Portugal; 1970 [1956].
Silva AM. Diccionario da lingua portugueza. 2ª ed. Lisboa: Typographia Lacerdina; 1813. [citado 31 ago. 2018]. Disponível em: http://dicionarios.bbm.usp.br/pt-br/dicionario/edicao/2 [1789].
Silva RVM. O português arcaico: fonologia, morfologia e sintaxe. São Paulo: Contexto; 2006.
Simão T. Dicionário do falar do Marvão. Lisboa: Biblioteca Nacional de Portugal; 2016.
Spina S. História da língua portuguesa – III segunda metade do século XVI e século XVII. São Paulo: Ática; 1987.
Tarallo F. Tempos linguísticos: itinerário histórico da língua portuguesa. São Paulo: Ática, 1994.
Souza VL. Nas cacimbas do rio Pardo: um estudo léxico-cultural [tese]. Belo Horizonte: Faculdade de Letras, UFMG; 2014.
Vasconcelos CM. Lições de filologia portuguesa segundo as preleções feitas aos cursos de 1911/12 e de 1912/15, seguidas das lições práticas de português arcaico. Lisboa: Martins; 1946.
Vasconcelos JL. Esquisse d’une dialectologie portugaise. Paris: Aillaud et Cie.; 1901.
Vasconcelos JL. Lições de filologia portuguesa. Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional; 1926.
Vasconcelos JL. Textos arcaicos. 4ª edição. Lisboa: Clássica; 1959.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Os direitos autorais serão cedidos à revista para publicação on-line, com livre acesso e impressa para arquivo em papel. Serão preservados, porém, para autores que queiram republicar os seus trabalhos em coletâneas.