Avaliação subjetiva, comportamento linguístico e variação na concordância nominal de número no português rural do interior fluminense
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v23i1p23-46Palavras-chave:
Avaliação subjetiva, Comportamento linguístico, Concordância nominal de número, Português ruralResumo
O objetivo deste artigo é relacionar os resultados da análise social da variação de concordância nominal de número no português rural do 3º Distrito de Nova Friburgo com os da avaliação subjetiva da língua realizada com os moradores desse mesmo território. Os dados foram recolhidos por meio de entrevistas realizadas com famílias agricultoras endógenas. Para a análise variacionista, todos os sintagmas nominais pluralizáveis foram selecionados no corpus, isolados, codificados e quantificados, a partir de duas abordagens: a mórfica e a sintagmática. Para a análise da avaliação, optou-se por aplicar dois testes: em ausência de fala e com áudio modelo. Concluiu-se que a comunidade de fala está em uma fase intermediária de aquisição das normas padrão de concordância. A mudança está sendo liderada pelos jovens, que parecem apresentar condições de convergir ou divergir sua fala a depender de seus objetivos interlocutórios e sociais. Outro fator que parece impulsionar tal processo é o papel desempenhado pelas mulheres, tanto no que se refere à avaliação subjetiva da língua, quanto ao uso vernacular. Já os homens são mais benevolentes em sua avaliação da variação diatópica e isso se reflete em seu comportamento linguístico, mais refratário às influências exógenas e mais leal ao vernáculo local.
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