Africanos livres: aspectos históricos e discursivos da constituição do português brasileiro em manuscrito do século XIX
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v23i2p245-262Palavras-chave:
Africanos livres, Português brasileiro, Línguas africanas, Léxico, DiscursoResumo
Este artigo tem como objetivo compreender aspectos históricos, linguísticos e discursivos da participação dos africanos livres na constituição do português brasileiro, no século XIX, na Sociedade de Mineração do Mato Grosso, por meio da análise da edição de Façanha (2019) do Livro de registro da correspondencia e mais acontecimentos relativos aos africanos livres entregues pelo Governo Imperial à Sociedade de Mineração da Província, códice no qual foram registradas informações sobre a vida cotidiana dos africanos livres. Com relação aos aspectos históricos, investigamos a formação da classe jurídica africanos livres e quais línguas africanas foram trazidas para o Mato Grosso, no século XIX; com relação aos aspectos linguísticos empreendemos uma análise léxico-discursiva do códice, para compreendermos os efeitos de sentidos provocados pelas unidades lexicais utilizadas para se referirem aos africanos livres. Como resultado, verificamos, que a classe jurídica africanos livres é apenas uma distinção jurídica com relação aos africanos escravizados, e que estes provinham da região denominada Área Austral, na qual há a predominância de línguas do subgrupo banto; em nossa análise léxico-discursiva, verificamos que as unidades lexicais utilizadas para se referirem ao africano livre vão de encontro àquilo que se entendia por liberdade no século XIX.
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