As formas de referência ao interlocutor ao longo de dois séculos em cartas portuguesas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v26i1p149-172

Palavras-chave:

Formas de tratamento, Variação e mudança, Português Europeu, Sociolinguística Histórica, Teoria de Redes Sociais

Resumo

Diversos são os estudos sobre as formas de referência ao interlocutor no Português Brasileiro, o que fez com que fosse possível estabelecer um panorama sobre o tema nessa variedade. No entanto, ainda são poucos os estudos, de natureza quantitativa especialmente, sobre o tema no âmbito do Português Europeu (PE). Com isso, o presente estudo tem por objetivo apresentar uma breve análise sobre as formas de tratamento utilizadas como pronome-sujeito, no Português Europeu, com base em cartas pessoais, escritas entre os séculos XIX e XX. Para tal, partimos da hipótese principal de que o tu seria a forma mais utilizada e o pronome você seria menos frequente por ser negativamente marcado no PE, possuindo contextos muito específicos para sua utilização. De maneira geral, a hipótese principal foi confirmada, entretanto, outras estratégias de tratamento foram utilizadas, como o Vossa Mercê e outras formas nominais, sendo até mesmo mais utilizadas que o tu (nulo ou pleno), dependendo da temática das cartas e da esfera de relacionamento e do nível de intimidade dos missivistas.

 

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Janaina Pedreira Fernandes de Souza, Escola Municipal Professor Walter Russo de Souza

    Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Professora de Língua Portuguesa na Escola Municipal Professor Walter Russo de Souza no Município de Caxias no Rio de Janeiro. Membro da equipe do Laboratório HistLing; jannapj@gmail.com.

  • Célia Regina dos Santos Lopes, Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Doutora em  Língua Portuguesa  pela  Universidade  Federal  do Rio de Janeiro  (UFRJ),  Professora  Titular da Faculdade de Letras da UFRJ, Pesquisadora de Produtividade 1C do CNPq, Cientista de Nosso Estado da FAPERJ, Coordenadora do Laboratório HisLing – História da Língua Portuguesa https://histling.letras.ufrj.br/; celiar.s.lopes@letras.ufrj.br .

Referências

Bakhtin M. Estética da criação verbal. Gomes G, tradutor. São Paulo: Martins Fontes; 1981.

Barbosa P, Duarte MEL, Kato M. A distribuição do sujeito nulo no português europeu e no português brasileiro. Actas do XVI Encontro da Associação Portuguesa de Lingüística. 2001:539-550.

Bergs A. Social networks and historical sociolinguistics: studies in morphosyntactic variation in the Paston letters (1421–1503). Language in Society. 2005;37(2):316-317.

Brown R, Gilman A. The pronouns of power and solidarity. In: Sebeok T, editor. Style in language. Cambridge: MIT Press; 1960. p. 253-276.

Cintra L. Sobre formas de tratamento na língua portuguesa. 2ª ed. Lisboa: Livros Horizonte; 1972.

Conde Silvestre JC. Sociolinguística histórica. Madrid: Gredos; 2007.

Duarte MEL. A perda do princípio “evite pronome” no português brasileiro [tese]. Campinas: Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas; 1995.

Duarte IM. Formas de tratamento em português: entre léxico e discurso. Matraga. 2011;18(28):84-101.

Duarte MEL, Kato M, Barbosa P. Sujeitos indeterminados em PE e PB. Boletim da Associação Brasileira de Linguística. 2001;(26):405-409.

Paiva MC, Duarte MEL, organizadores. Mudança linguística em tempo real. Rio de Janeiro: Contra Capa/FAPERJ; 2003.

Faraco CA. O tratamento você em português: uma abordagem histórica. Fragmenta. 1996;13:51-82.

Fasold RW. The Sociolinguistics of Language. Oxford: Blackwell; 1990.

Freire FJ. O secretario portuguez. Lisboa: Impressão de D. Gonsalves; 1746.

Freire FJ. O secretario portuguez. Lisboa: Impressão de João Nunes Esteves; 1823.

Gouveia CAM. As dimensões da mudança no uso das formas de tratamento em português europeu. In: Oliveira F, Duarte IM, organizadoras. O fascínio da linguagem. 1ª edição. Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto; 2008. p. 91-100.

Guilherme ARB, Bermejo VL. Quão cortês é você? O pronome de tratamento você em português europeu. LaborHistórico. 2015;2(1):167-180.

Kato MA. A evolução da noção de parâmetros. DELTA. 2002;18(2):309-337.

Koch P. Tradiciones discursivas y cambio linguístico: el ejemplo del tratamiento vuestra merced en español. In: Kabatek J, editor. Sintaxis histórica del español y cambio linguistico: nuevas perspectivas desde las tradidiciones discursivas. Madrid/Frankfurt: Iberomaricana/Vervuert; 2008. p. 53-88.

Labov W. The intersection of sex and social class in the course of linguistic change. Language Variation and Change. 1990;2:205-254.

Leskova J. As formas de tratamento em português europeu [tese]. Olomouc: Filozoficka Fakulta, Univerzita Palackeho V Olomouci; 2012.

Lopes CRS, Martins AL, Souza JPD A origem da acepção negativa de você no português europeu: os contextos de uso de Vossa Mercê em cartas oitocentistas. LaborHistórico. 2021;7(especial):93-126.

Lopes CRS, Marcotulio LL, Oliveira TL. Forms of address from the Ibero-Romance perspective: A brief history of Brazilian voceamento. In: Lopes C, Hummel M, editores. Address in Portuguese and Spanish: Studies in Diachrony and Diachronic Reconstruction. Berlin, Boston: De Gruyter; 2020. p. 111-154.

Lopes CRS. A formação dos sistemas de tratamento em português: mudança e avaliação. LaborHistórico. 2019;5:257-294.

Lopes CRS, et al. A reorganização no sistema pronominal de 2a pessoa na história do português brasileiro: posição de sujeito. In: Lopes CRS, organizadora. História do português brasileiro: mudança sintática das classes de palavra: perspectiva funcionalista. 1ª ed. São Paulo: Editora Contexto; 2018.

Machado ACM. As formas de tratamento nos teatros brasileiro e português dos séculos XIX e XX [tese]. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2011.

Menon OS. O sistema pronominal do português do Brasil. Letras. 1995;44:91-106.

Milroy J. Linguistic variation and change. Oxford: Blackwell; 1992.

Milroy L, Milroy J. Linguistic change, social network and speaker innovation. Journal of Linguistics. 1985;21:339-384.

Milroy L, Milroy J. Social network and social class: Toward an integrated sociolinguistic model. Language in Society. 1992;21(1):1-26.

Nascimento MF, Duarte MEL, Mendes, A. Sobre formas de tratamento no português europeu e brasileiro. Diadorim. 2018;20:245-262.

Novaes JCA. O parâmetro do sujeito nulo no português popular do interior do estado da Bahia [dissertação]. Universidade Federal da Bahia; 2019.

Rumeu MCB. Para uma história do português no Brasil: formas pronominais e nominais de tratamento em cartas setecentistas e oitocentistas [dissertação]. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2004.

Rumeu MCB. A implementação do ‘você’ no português brasileiro oitocentista e novecentista: um estudo de painel [tese]. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2008.

Souza JPF. Mapeando a entrada do você no quadro pronominal: análise de cartas familiares dos séculos XIX-XX [dissertação]. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2012.

Souza JPF. Cartas dalém mar: a referência ao interlocutor em cartas portuguesas dos séculos XIX e XX [tese]. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2021.

Teyssier P. História da língua portuguesa. São Paulo: Martins Fontes; 2001.

Tieken-Boon Van Ostade I. Social network analysis and the history of English. European Journal of English Studies. 2000;4(3):211-216.

Zemeng Y. O estudo comparativo das formas de tratamento em português (europeu) e chinês (mandarim) [dissertação]. Aveiro: Universidade de Aveiro; 2016.

Downloads

Publicado

2024-12-17

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Souza, J. P. F. de ., & Lopes, C. R. dos S. (2024). As formas de referência ao interlocutor ao longo de dois séculos em cartas portuguesas. Filologia E Linguística Portuguesa, 26(1), 149-172. https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v26i1p149-172

Dados de financiamento