Produção e percepção caminham juntas? Um estudo comparado entre produção e percepção das interrogativas totais neutras no Português do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v26i1p97-115Palavras-chave:
português brasileiro, percepção, variação dialetal, entoação, interrogativa totalResumo
O presente estudo objetiva estudar a percepção da entoação nos tipos frásicos interrogativos totais nas seguintes variedades do Português do Brasil: João Pessoa (PB), Aracaju (SE), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Florianópolis (SC) e Porto Alegre (RS). Estudos prévios de produção desenvolvidos sob o aparato teórico da fonologia métrica autossegmental para entoação (Ladd, 2008[1996]) indicam duas regiões dialetais no PB: Nordeste (PB, SE), caracterizada por um contorno nuclear interrogativo predominantemente ascendente; e Sudeste-Sul (BA, RJ, SP, MG, SC e RS), caracterizada por um contorno nuclear interrogativo ascendente-descendente. A distribuição desses padrões sugere fortemente a formação de um continuum dialetal de Norte a Sul da Costa Atlântica brasileira, confirmada por meio de estudo de percepção para as duas macrorregiões (Castelo et al., 2018). Com base nesses estudos, era esperado que, ao ampliar a amostra de variedades, se confirmassem tanto as regiões dialetais como o continuum encontrado no nível da produção. Embora a distribuição bidialetal tenha sido confirmada, a gradação na percepção entre as variedades não foi encontrada para o atual conjunto de variedades investigadas, o que sugere relações indiretas entre produção e percepção bem como a complexidade envolvida na concepção e aplicação de experimentos de percepção em variação prosódica.
Downloads
Referências
Bolinger D. Intonation across languages. In: Greenberg JH, editor. Universals of human language. Vol. 2. (Phonology). Stanford: Stanford University Press; 1978. p. 471-524.
Castelo J, et al. The perception of yes-no questions across varieties of Brazilian Portuguese. Filologia e linguística portuguesa. 2018;20(esp.):11-25.
Castelo J, Frota S. The yes-no question contour in Brazilian Portuguese: a geographical continuum. In: Barbosa P, Paiva C, Rodrigues C, editores. Studies on variation and change in varieties of Portuguese. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins; 2017. p. 111-133.
Castelo J. A entoação dos enunciados declarativos e interrogativos no Português do Brasil: uma análise fonológica em variedades ao longo da Costa Atlântica [tese]. Lisboa: Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa; 2016.
Cruz M, Swerts M, Frota S. The role of intonation and visual cues in the perception of sentence types: evidence from European Portuguese varieties. Journal of the Association for Laboratory Phonology. 2017;8(1):1-24. doi: http://doi.org/10.5334/labphon.110.
D’império M, House D. Perception of question and statement in Napolitanian Italian. Proceedings of the 5th European Conference on Speech Communication and Technology. Kokkinakis G, Fakotakis N, Dermatas E, editores. Grenoble: ISCA; 1997. p. 251-254. Disponível em: https://www.isca-speech.org/archive/eurospeech_1997/index.html.
Face TL. Perception of Castilian Spanish intonation: implications for intonational phonology. Munich: Lincom Europa; 2011.
Falé I, Faria I. Intonational contrasts in EP: a categorical perception approach. Interspeech 2005 – Eurospeech; September 4-8; 2005; Lisbon, Portugal; 2005. p. 1705-1708.
Fernández Rei E, coordenador. FOLERPA: Ferramenta On-Line para ExpeRimentación PerceptivA. Santiago de Compostela: Instituto da Lingua Galega; 2021. Disponível em: https://ilg.usc.gal/folerpa.
Fodor J. Modularity of mind: an essay on faculty psychology. Cambridge: MIT Press; 1983.
Frota S, et al. Intonational variation in Portuguese: European and Brazilian varieties. In: Frota S, Prieto P, editores. Intonation in Romance. Oxford: Oxford University Press; 2015. p. 235 - 283.
Frota S. Nuclear falls and rises in European Portuguese: a phonological analysis of declarative and question intonation. Probus. 2002;14:113-146.
Gussenhoven C. Intonation and interpretation: phonetics and phonology. Speech prosody proceedings of the First International Conference on Speech Prosody; 2002; Aix-en-Provence: ProSig/Université de Provence Laboratoire Parole et Langage; 2002. p. 47-57.
Gussenhoven C. The phonology of tone and intonation. Cambridge: Cambridge University Press; 2004.
Gussenhoven C, Chen A. Universal and language-specific effects in the perception of question intonation. Proceedings of the Sixth International Conference on Spoken Language Processing (ICSLP 2000); 2000 October 16-20; Beijing (China); 2000. Vol 2. p. 91-94.
Ladd R. Intonational phonology. 2. ed. Cambridge: Cambridge University Press; 2008.
Leite Y, Callou D. Como falam os brasileiros. Rio de Janeiro: Zahar; 1999.
Mateus M, et al. Gramática da língua portuguesa. 7. ed. Lisboa: Caminho; 2003.
McGurk H, MacDonald J. Hearing lips and seeing voices. Nature. 1976;264:746-748.
Milan P, Kluge D. Percepção dialetal de declarativas neutras e interrogativas totais produzidas por falantes curitibanos: testes de identificação e discriminação. Revista da Abralin. 2015;14(1):469-495.
Nunes V, Seara I. Distinção de variedades dialetais e de modalidades através de contornos de regiões pré-nucleares: análises acústicas e perceptuais. Diadorim. 2015;17:34-51.
Rosignoli C. O padrão entoacional das sentenças interrogativas da variedade paulista do português brasileiro [dissertação]. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP; 2017.
Silva J. Caracterização prosódica dos falares brasileiros: as orações interrogativas totais [dissertação]. Rio de Janeiro, Faculdade de Letras, UFRJ; 2011.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Joelma Castelo Bernardo da Silva, Flaviane Romani Fernandes-Svartman, Denise Cristina Kluge, Ronaldo Mangueira Lima Júnior

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Os direitos autorais serão cedidos à revista para publicação on-line, com livre acesso e impressa para arquivo em papel. Serão preservados, porém, para autores que queiram republicar os seus trabalhos em coletâneas.