O estatuto funcional de sintagmas preposicionais dos verbos ‘ir’ e ‘morar’: adjunto ou complemento?

Autores

  • Lorenzo Vitral Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v26i1p133-147

Palavras-chave:

nomenclatura tradicional, adjunto e complemento, transitividade, locativo, lógica dos predicados

Resumo

O artigo retoma a discussão tradicional sobre a distinção entre as funções de adjunto e complemento, verificando qual é a análise adequada para os sintagmas preposicionais que aparecem com os verbos ‘ir’ e ‘morar’. Apresentamos, inicialmente, alguns elementos da análise de Apolônio Díscolo para a transitividade por meio da noção de diátese verbal e mostramos que a indecisão sobre a função desses sintagmas está presente nas tradições gramaticais francesa, portuguesa e brasileira. Identificamos a dificuldade de análise no fato de esses sintagmas expressarem conteúdo locativo, o que não é compatível com a proposta de análise da diátese transitiva de acordo com Apolônio Díscolo. Essa visão foi favorecida pela adaptação latina do termo apoloniano ‘hypokeímenón’ como objeto. Defendemos, enfim, a proposta, baseada nas noções de função (ou predicado) e argumento de Frege (2013 [1879]), de que esses sintagmas preposicionais são argumentos capazes de saturar um predicador e que devem ser analisados como complementos indiretos dos verbos ‘ir’ e ‘morar’.

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Publicado

2024-12-17

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Seção

Artigos

Como Citar

Vitral, L. (2024). O estatuto funcional de sintagmas preposicionais dos verbos ‘ir’ e ‘morar’: adjunto ou complemento?. Filologia E Linguística Portuguesa, 26(1), 133-147. https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v26i1p133-147