Pausas na interpretação teatral: delimitação de constituintes prosódicos

Autores

  • Lourenço Chacon Universidade Estadual Paulista
  • Milena Fraga Universidade Estadual Paulista

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v16i1p121-146

Palavras-chave:

Pausas, Constituintes prosódicos, Interpretação teatral.

Resumo

Propomos observar o funcionamento de um recurso linguístico – a pausa – na interpretação teatral. Vinculados ao campo da Fonoaudiologia, buscamos subsídios teóricos no campo da Linguística, sobretudo da Fonologia Prosódica – mais especificamente, destacamos os constituintes prosódicos frase entonacional e enunciado fonológico –, propondo, assim, um diálogo entre esses campos, no que diz respeito ao trabalho com atores.  Na literatura fonoaudiológica, o trabalho com atores volta-se, fundamentalmente, para questões orgânicas envolvidas no processo vocal, como “mau uso” ou “abuso vocal”. Em menor grau, verificam-se, nessa mesma literatura, trabalhos que destacam questões sobre interpretação e recursos expressivos, além de poucos que destacam a importância dos recursos linguísticos na interpretação. Já no que diz respeito à literatura linguística, a pausa, em maior grau, é abordada sob a perspectiva fonética, relacionada a vários planos da linguagem. Para o desenvolvimento da presente pesquisa, analisamos registros em áudio de quatro atores, de um mesmo grupo de teatro, interpretando o texto teatral Brutas flores, norteados pelos seguintes objetivos: (1) detectar o local de ocorrência de pausas na interpretação que quatro atores fazem de um mesmo texto; (2) levantar as características físicas de duração dessas pausas; (3) verificar em que medida a duração da pausa se relaciona com seu ponto de ocorrência, no que diz respeito a limites prosódicos de frases entonacionais (I) e enunciados fonológicos (U). Pudemos observar que, apesar de a interpretação se caracterizar pela subjetividade do ator, essa interpretação é construída no interior de possibilidades que a própria organização prosódica do texto oferece, sendo mais, ou menos, flexível. Pudemos, ainda, confirmar, por meio da duração de unidades VVs das quais constam pausas, a hierarquia prosódica proposta por Nespor & Vogel, uma vez que a duração dessas unidades em limites de Us se apresentou significativamente maior do que sua duração em limites de Is. Desse modo, nossos resultados reforçam a premissa de que a estrutura linguística se sobrepõe à subjetividade do ator, ou seja, a premissa de que a força da organização das estruturas linguísticas atua sobre o possível funcionamento/estilo individual.   

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Biografia do Autor

  • Lourenço Chacon, Universidade Estadual Paulista

    Professor do Departamento de Fonoaudiologia e dos Programas de Pós-graduação em Fonoaudiologia e em Estudos Linguísticos da Universidade Estadual Paulista

  • Milena Fraga, Universidade Estadual Paulista

    Mestre em Fonoaudiologia pelo Programa de Pós-graduacão em Fonoaudiologia da Universidade Estadual Paulista – UNESP

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Publicado

2014-07-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Chacon, L., & Fraga, M. (2014). Pausas na interpretação teatral: delimitação de constituintes prosódicos. Filologia E Linguística Portuguesa, 16(1), 121-146. https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v16i1p121-146