A Geografia serve, antes de mais nada, para organizar a viagem: real e imaginária
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2594-9632.geoliterart.2020.169348Palavras-chave:
Geografia, Literatura, Narrativa de ViagemResumo
Neste artigo retomo a trama essencial entre geografia, viagem e literatura vislumbrando que tal entrelaçamento está presente na origem da Geografia e manteve-se na construção do saber geográfico como um tripé articulado resultando em pontos de força significativos e pujantes. A relação entre, geografia, viagem e literatura também é vista a partir da obra de escritoras, poetas e viajantes como Cecília Meireles, Sophia de Mello B. Andresen e Clarice Lispector, tal convergência teve a finalidade de destacar que, tanto no trabalho de geógrafos como de não geógrafos, o tripé geografia, viagem e literatura consiste e mantém-se numa vinculação essencial, considerando também suas interfaces real e imaginária. Por fim, apresento a experiência pessoal, entre o olhar e a narrativa, que faz da viagem geradora e aglutinadora de sentidos e assim, quando narrada, torna-se um meio de ressignificação e difusão porque a viagem é a experiência de um espaço outro, real e imaginária em si mesma.
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