Geocronologia e considerações acerca da evolução metamórfica da Formação Ferrífera São João Marcos (Criogeniano) e rochas metamáficas e metaultramáficas associadas, zona de interferência entre os orógenos Brasília e Ribeira
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9095.v25-219935Palavras-chave:
FFSJM, Algoma, Neoproterozoico, Petrologia, GeocronologiaResumo
A área deste trabalho está inserida no contexto da interferência entre os orógenos Brasília e Ribeira. Com base em evidências microscópicas foram identificadas quatro etapas metamórficas nas rochas da Formação Ferrífera São João Marcos (FFSJM) e em rochas metamáficas-ultramáficas associadas. A primeira, caracterizada por restitos de piroxênios (E1), marca o pico metamórfico em fácies granulito. A segunda (E2) registra a transição de fácies granulito para anfibolito, com desenvolvimento de anfibólios (principalmente hornblenda) e plagioclásio. O final desta etapa é marcado pelo desenvolvimento de coronas de granada entre plagioclásio e hornblenda, em trajetória tipo IBC (isobaric cooling). Uma terceira etapa (E3) caracteriza-se pela formação de simplectitos em uma trajetória tipo ITD (isothermal decompression) possivelmente relacionada ao colapso orogênico. Por fim, cumingtonita-grunerita surge marcando uma quarta etapa (E4), indicando reaquecimento em relação à etapa anterior. Quanto à geocronologia, as rochas metamáficas-ultramáficas apresentam herança paleoproterozoica-arqueana, subordinadamente neoproterozoica, cristalização em 641,5 ± 2,9 Ma e 3 conjuntos de idades metamórficas, entre 622 – 613 Ma, em 599 – 598 Ma e 587 – 586 Ma. Já as rochas metassedimentares associadas à FFSJM apresentam grãos detríticos desde o Arqueano até Neoproterozoico, com idade máxima de deposição em 686 Ma e 3 conjuntos de idades metamórficas, entre 647 – 640 Ma, 609 – 605 Ma e em 599 Ma. A etapa E1 estaria associada ao metamorfismo entre 647 – 640 Ma contemporâneo a cristalização das rochas máfica/ultramáfica, enquanto as etapas E2 e E3 estariam associadas a eventos metamórficos entre 622 – 598 Ma. Estes eventos metamórficos estariam relacionados a evolução do extremo sul do Orógeno Brasília, a estágios pré a tardi-colisionais.
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