Traduções “baianas” de Dante: subversões tropicais
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-8281.i49p123-134Palavras-chave:
Subversão, Dante, Itália, BrasilResumo
A intervenção relacionará duas traduções dantescas compostas por dois intelectuais baianos do final do século XIX. O que está sendo redefinido, graças à Bahia, é a imagem de Dante no Brasil. Em 1843 médico italiano Luiz Vicente de Simoni compôs o Ramalhete poético do parnaso italiano, no qual comemora o casamento entre e Dom Pedro II e Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias, traduzindo uns cantos de Dante para o português. Poucos anos antes, contudo, uns brasileiros tinham proposto uma imagem de Dante em uma perspectiva não apologética. Gonçalves de Magalhaes em 1836, publica Episódio da Infernal Comédia ou Da Minha Viagem ao Inferno, sátira do Brasil dele contemporâneo. O ano seguinte, por sua vez, João Manuel Pereira da Silva define Dante “altivo republicano”. Umas décadas depois dois baianos, José Pedro Xavier Pinheiro e o Barão da vila da Barra começam a traduzir integralmente a Divina commedia. Lendo tais traduções em uma ótica que considere a cultura baiana, pode se dizer que na Bahia - devido ao histórico escravista – consolida-se uma nova forma de olhar para Dante no Brasil: não celebrativa e crítica do poder.
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