Fatores sociodemográficos e excesso de peso em crianças participantes de programa governamental de distribuição de leite fortificado

Autores

  • Fernanda Martins Dias Escaldelai Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo
  • Rosangela Aparecida Augusto Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo
  • José Maria Pacheco de Souza Professor Titular (aposentado) e Professor Sênior do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.115676

Palavras-chave:

programa de distribuição de leite fortificado, programas e políticas de nutrição e alimentação, lactente, ganho de peso.

Resumo

Introdução: Estudos anteriores mostraram a efetividade do programa VIVALEITE para o ganho de peso de crianças menores de dois anos. Como o programa é efetivo, é possível que crianças ingressantes com peso próximo ao limite considerado adequado para idade o ultrapassem no decorrer de sua participação.

Objetivo: Analisar a associação entre fatores sociodemográficos e excesso de peso em participantes do programa VIVALEITE.

Método: Estudo de coorte com dados de 1.039 crianças de famílias de baixa renda do interior do Estado de São Paulo, ingressantes no programa com seis meses de idade e peso próximo ao limite superior de adequação, entre janeiro/2003 e setembro/2008. Investigou-se a proporção de crianças que ficam com excesso de peso durante a participação no programa e associações com as condições sociodemográficas de cada criança (amamentação aos seis meses, sexo, peso ao nascer) e dos respectivos responsáveis (condição conjugal, idade, situação de trabalho, escolaridade). A modelagem foi feita por meio de regressão logística multinível das variáveis socioeconômicas e o conjunto das idades de pesagem. O processamento foi feito com o pacote estatístico Stata 10.1.

Resultados: Conforme análise multinível, a categoria sim da variável aleitamento materno aos seis meses (OR=0,29, p=0,000) e a categoria trabalha da variável situação de trabalho materno (OR=0,36, p=0,012) foram associadas significantemente ao excesso de peso das crianças. As demais variáveis não foram associadas estatisticamente a excesso de peso.

Conclusão: Não amamentação aos seis meses e ausência de trabalho materno são fatores sociodemográficos positivamente associados ao excesso de peso das crianças participantes do programa.

 

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Biografia do Autor

  • Fernanda Martins Dias Escaldelai, Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo
    Mestre em Ciências pelo Programa de Saúde Pública, área de Epidemiologia, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo
  • Rosangela Aparecida Augusto, Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo
    Pós-doutora em Nutrição pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo

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Publicado

2018-06-26

Edição

Seção

Artigos Originais