Parto cesárea em gravidez decorrente de estupro

Autores

  • Maria Auxiliadora Figueredo Vertamatti Programa de Atenção a Violência e Abuso Sexual de São Bernardo do Campo
  • Jonathan Vinicius Lourenço Souza Faculdade de Medicina do ABC; Departamento de Ginecologia e Obstetrícia
  • Silvia Vieira Programa de Atenção a Violência e Abuso Sexual de São Bernardo do Campo
  • Ana Paula Ohata Programa de Atenção a Violência e Abuso Sexual de São Bernardo do Campo
  • Mauro Sancovski Faculdade de Medicina do ABC; Departamento de Ginecologia e Obstetrícia
  • Luiz Carlos de Abreu Programa de Atenção a Violência e Abuso Sexual de São Bernardo do Campo
  • Caio Parente Barbosa Programa de Atenção a Violência e Abuso Sexual de São Bernardo do Campo

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.19922

Palavras-chave:

violência sexual, estupro, gravidez, cesárea

Resumo

A violência sexual é um dos mais ultrajantes tipos de violação dos direitos humanos, e além de suas conseqüências psicológicas, expõe a vítima ao risco de traumatismos genitais, extragenitais, doenças sexualmente transmissíveis e gravidez. Esta última traz um fardo ainda maior à mulher vitimada, que se depara com a difícil decisão sobre a manutenção ou não da gestação. A literatura tem demonstrado que na maioria dos casos que evoluem para o parto, a via mais recorrente tem sido a cesárea, o que nos motiva a discutir as razões envolvidas nesta prática. RELATO DE CASO: M.C.F.L., 32 anos, natural de Pernambuco, procedente de São Bernardo do Campo, quatro gestações anteriores (três partos vaginais e um cesárea). Vítima de agressões físicas e sexuais pelo pai de seus filhos, fugiu para morar com parentes em Pernambuco, onde foi estuprada por homem desconhecido. Retornou então para São Bernardo, descobrindo estar grávida do agressor, e passou a ser perseguida pelo ex-marido. Neste cenário a paciente, na 37ª semana de gestação, é atendida pelo Programa de Atenção à Violência e Abuso Sexual da Faculdade de Medicina do ABC (PAVAS-SBC), manifestando o desejo de não enfrentar o processo de parto por via vaginal, visto tratar-se de um filho que não consegue aceitar como seu. COMENTÁRIOS: a maioria dos casos de gestação decorrente de abuso sexual ocorre em adolescentes, sendo indicada a cesárea pela desproporção cefalopélvica e imaturidade para compreensão do trabalho de parto. A evolução de uma gestação, incluindo o momento do parto, exigem grande estabilidade emocional da mulher, condição esta minimizada ou ausente naquela agredida sexualmente, o que explica o grande sofrimento trazido pela paciente em questão, fator determinante na indicação de cesárea. É preciso valorizar o contexto social e psicológico em que essa paciente está inserida, a fim de compreender suas angústias e frustrações.

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Publicado

2009-08-01

Edição

Seção

Relato de Caso