Representações de saúde-doença de um grupo de mulheres residentes em bairros da periferia de Belo Horizonte (1994-1996)

Autores

  • Clara J. Marques Andrade
  • Helena Paixão
  • Celina Modena
  • Antonio Maria Claret Torres

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.38382

Palavras-chave:

representações sociais, processo saúde-doença, concepção de saúde-doença.

Resumo

Este trabalho é resultado de uma pesquisa de campo, qualitativa, realizada nos bairros Solimões e Conjunto Jardim Felicidade, na região metropolitana de Belo Horizonte, com o objetivo de identificar as representações do processo saúde-doença de um grupo de mulheres residentes nos mesmos. Para sua execução optou-se por realizar a observação participante, entrevistas semi-estruturades e análise de conteúdo das entrevistas, segundo metodologia proposta por BARDIN, 1977), TRIVIÑOS 1987) e MINAYO (1993). As entrevistas foram realizadas no período de novembro de 1994 à julho de 1995 com trinta mulheres com idades entre 18 e 40 anos, todas com filhos de 0 a 5 anos. As entrevistas tiveram uma duração média de 60 minutos. Através da análise de conteúdo das entrevistas chegou-se às categorias de representação do processo saúde-doença. A doença é representada como incapacidade funcional e utilitária do corpo. A saúde, além de ser representada como o oposto da doença, ou seja, a capacidade funcional e utilitária do corpo, possui ainda outras representações, tais como: um modo de vida saudável, assistência médica de qualidade e, ainda, equilíbrio e harmonia nas relações com a natureza, com Deus. Este estudo evidencia que estas representações estão estreitamente relacionadas com as alternativas terapêuticas utilizadas pelos moradores. Tais alternativas, representadas por medicina científica, medicina caseira, automedicação, benzeção, curandeirismo e cura religiosa são buscadas de acordo com as concepções do processo saúde-doença.

Biografia do Autor

  • Clara J. Marques Andrade
    Mestre em Epidemiologia pela Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gernis. Profa. Assistente do Depto. de enfermagem Materno-lnlantil e Saúde Pública da Escola de enfermagem da UFMG.
  • Helena Paixão
    Dra. em Sociologia pela École des Haustes Etudes em Sciences Sociales - Paris - França, Profa. Adjunta do Depto. de Odontologia Social c Preventiva da Escola de Odontologia da UFMG.
  • Celina Modena
    Dra. em Epidemiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e Profa. Adjunta do Depto. de Medicina Veterinária Preventiva da Escola de Veterinária da UFMG.
  • Antonio Maria Claret Torres
    Mestre em Epidemiologia pela Escoia de Veterinária da UFMG. Prof. Assistente do Depto. de Medicina Veterinária Preventiva da Escola Vceterinária da UFMG.

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Publicado

1997-06-19

Edição

Seção

Original/Atualização