Roberto de Oliveira Brandão
Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas
Este estudo procura traçar um paralelo entre o pensamento dos sofistas da Antiguidade (s. V.a.C.) e a ficção de Machado de Assis (s. XIX), o primeiro grande romancista brasileiro. O ponto de articulação dessa analogia situa-se na concepção que aqueles e este tinham da relação entre linguagem e experiência humana. Experiência e linguagem constituem a matéria-prima com que os homens constróem sua visão da realidade, seus valores e sua atuação social. Nesse sentido, relativismo e persuasão complementam-se. À crença de que vivemos num mundo de aparências onde não nos é dado ter senão opiniões, segue-se o reconhecimento de que toda afirmação tem sentido polêmico e argumentativo, procurando convencer o interlocutor. Mas, se nos sofistas aquele consórcio manifesta-se nos planos do conhecimento e da política, no romancista brasileiro ele rege a relação de cada personagem consigo mesma e com as outras personagens. A aproximação permite compreender mais um dado da complexa situação do homem moderno
Biografia do Autor
Roberto de Oliveira Brandão, Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas
Professor de Literatura Brasileira no Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas, da FFLCH, USP