Lucrécia e o ideal romano de mulher

Autores

  • Ariovaldo A. Pelerlini

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2594-5963.lilit.1991.115998

Resumo

Muita coisa se explica pelo atual, mas é bem mais ampla a herança que há mister do passado como seu legítimo e profundo intérprete. O ideal romano antigo de mulher, que pode ser reconstituído à luz dos textos, quer diretamente dos quadros positivos, quer ex oppsito das visões negativas, é, sem dúvida, um dos subsídios de que pode valer-se o estudo da situação da mulher no pensamento e na sociedade de nossa época. A conhecer esse ideal nos ajudarão a crítica catoniana das reivindecações femininas em prol da abrogação da lei Ópia; a menção da igualdade de direitos da esposa e do marido como uma das más consequências da anarquia populista, no De Republica, os comentários moralistas de Salústio, no retrato de Semprônia; a revolução dos neóteroi, ao proporem a existência de uma ética do sentimento, dando à mulher o direito de amar, de escolher, de consentir a sua felicidade; o comedimento horaciano entre o amor-paixão e o "digno" da mulher de "família", enfim, o texto imortal da violação e morte de Lucrécia, de Tito Lívio, onde, sob a narrativa histórica de linha mimética, obrigada à representação icástica da vida humana, com a tensão e concentração dramática da representação trágica, entrevemos objetivos didascálicos de recuperação moral das classes dominantes e sentimentos a visão inteira que o romano tradicional tinada mulher, amarrada por preconceitos que violentavam uma moral racional, em nome até da "ciência" da época. E uma mulher inteligente e "romana" como Lucrécia conhecia seu único caminho...Sem qualquer "culpa", sabia que sua vida seria problemas; sua morte, uma solução para todos...Mas, o historiador é um homem, um romano, e a história é um gênero literário.

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Publicado

1991-12-05

Edição

Seção

Artigos