Benjamim, Benjamin: Romance, história e melancolia de esquerda

Autores

  • Marcelo Ridenti Universidade Estadual de Campinas

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2237-1184.v0i40p61-85

Resumo

O artigo interpreta o romance Benjamim como resposta criativa a s circunstancias de sua época, o final do século XX. Ao elaborar 
uma trágica história de amor e desejo, emaranhando o pessoal e o coletivo, Chico Buarque expressa um aspecto fundamental de toda a sua obra literária: a passagem do tempo, com lembranças e esquecimentos a interpelar o presente assolado pela repetição da barbarie cotidiana. Por meio da ficção, travam-se dia logos implícitos com diferentes linhagens intelectuais influentes na geração do autor: o pensamento social brasileiro que teve em seu pai, Sergio Buarque, um dos principais expoentes, ale m do nacional desenvolvimentismo, do catolicismo e do marxismo. A crítica social no romance acompanha o questionamento da ideia de progresso e de qualquer finalidade imanente na história, o que aproxima Chico Buarque da tradição de pensamento de Walter Benjamin, a “melancolia de esquerda” contraposta a  barbarie vigente.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Marcelo Ridenti, Universidade Estadual de Campinas

    Professor titular de sociologia na Universidade Estadual de Campinas. Autor do romance histórico Arrigo, São Paulo: Boitempo, 2023, e de vários livros sobre cultura e política, como o recente O segredo das senhoras americanas — intelectuais, internacionalização e financiamento na Guerra Fria cultural. São Paulo: Ed. Unesp, 2022.

Referências

ANDERSON, Perry. As origens da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999.

BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política. 5ª. ed. Sa o Paulo: Brasiliense, 1993 (Obras Escolhidas, 1).

BENSAI D, Daniel. Le Pari Mélancolique. Métamorphoses de la politique, politique des métamorphoses. Paris: Fayard, 1997.

BIELSCHOWSKY. Ricardo. Pensamento Econômico Brasileiro: o ciclo ideológico do desenvolvimentismo. 5ª edição. Rio de Janeiro: Contraponto, 2000.

BUARQUE, Chico. Estorvo. Sao Paulo: Companhia das Letras, 1991.

BUARQUE, Chico. Benjamim. Sao Paulo: Companhia das Letras, 1995.

BUARQUE, Chico. GUERRA, Ruy. Calabar: o elogio da traição. 5ª ed. Rio de Janeiro: Civilizaça o Brasileira: 1974.

BUARQUE DE HOLLANDA, Sergio. Raízes do Brasil. Sa o Paulo: Companhia das Letras, 1995.

CANDIDO, Antonio. Radicalismos. Estudos Avançados, Sa o Paulo, v.4, n.8, p.4-18, jan.-abr. 1990.

CHAUI , Marilena et al. O nacional e o popular na cultura brasileira. Se rie de livros da FUNARTE. Sa o Paulo: Brasiliense, 1982.

COELHO, Marcelo. Benjamim se recusa a suscitar emoço es. Folha de S. Paulo, Ilustrada, 20 de dezembro de 1995, p. 9.

FUKUYAMA, Francis. O fim da história e o último homem. Rio de Janeiro: Rocco, 1992.

FREUD, Sigmund. Luto e melancolia. Sa o Paulo: Cosac Naify, 2012.

GARCIA, Walter. Melancolias, mercadorias: Dorival Caymmi, Chico Buarque, o prega o de rua e a cança o popular-comercial no Brasil. Cotia: Atelie , 2013.

HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos: o breve século XX (1914-1991). Sa o Paulo: Companhia das Letras, 1995.

KONDER, Leandro. Walter Benjamin: o marxismo da melancolia. Rio de Janeiro: Campus, 1988.

LOBO ANTUNES, Anto nio. Memória de elefante. Lisboa: Vega, 1979.

LO WY, Michael. Walter Benjamin: aviso de incêndio: uma leitura das teses “Sobre o conceito de história”. Sa o Paulo: Boitempo, 2005.

MACIEL, Luiz Carlos. Geração em transe: memórias do tempo do tropicalismo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996.

MARX, Karl. O capital, vol. I, capí tulo 1. Sa o Paulo: Abril Cultural, 1983.

MENDILOW, Adam Abraham. O tempo e o romance. Porto Alegre: Globo, 1972.

MENESES, Ade lia Bezerra de. Desenho mágico — poesia e política em Chico Buarque. Sa o Paulo: Hucitec, 1982.

MONTEIRO, Pedro Meira. Num fiapo de tempo: Chico, Se rgio e Benjamim. In: MONTEIRO, Pedro Meira. Signo e desterro — Sérgio Buarque de Holanda e a imaginação do Brasil. Sa o Paulo: Hucitec, 2015, p.171-178.

OTSUKA, Edu Teruki. Ficça o, histo ria e sociedade na literatura de Chico Buarque (uma sinopse). Rev. Inst. Estud. Bras. (São Paulo), n. 88, 2024, e10689.

RAMOS, Graciliano. Memórias do cárcere. 44. ed. Rio de Janeiro: Record, 2008.

RIDENTI, Marcelo. Visões do paraíso perdido: sociedade e política em Chico Buarque, a partir de uma leitura de Benjamim. Em busca do povo brasileiro — artistas da revolução, do CPC à era da TV. Rio de Janeiro: Record, 2000. [2ª. ed. rev. e ampl. São Paulo: Unesp, 2014].

RIDENTI, Marcelo. Brasilidade revolucionária — um século de cultura e política. São Paulo: Unesp, 2010.

RIDENTI, Marcelo. Aça o Popular: cristianismo e marxismo. In: REIS, Daniel Aara o; RIDENTI, Marcelo (orgs.). História do marxismo no Brasil, 5. Partidos e organizações dos anos 20 aos 60. 2ª. ed. Campinas: ed. da UNICAMP, 2007, p. 227 302.

SILVA, Fernando de Barros e. Chico Buarque. São Paulo: Publifolha, 2004. (Col. Folha Explica).

SINGER, Andre . Os sentidos do lulismo: reforma gradual e pacto conservador. Sao Paulo: Companhia das letras, 2012.

STARLING, Heloí sa. O tempo da delicadeza perdida: Chico, Se rgio e as raízes do homem cordial. In: MARRAS, Stelio (org.). Atualidade de Sérgio Buarque de Holanda. Sa o Paulo: Edusp, 2012, p. 63-78.

TRAVERSO, Enzo. Mélancolie de gauche: la force d’une tradition cachée (XIXe-XXe siècle). Paris: E ditions La Decouverte, 2016. [Melancolia de esquerda: marxismo, história e memória. Sa o Paulo: A yine , 2018.]

WILLIAMS, Raymond. Marxismo e literatura. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.

WISNIK, Jose Miguel; WISNIK, Guilherme. O artista e o tempo. In: CHEDIAK, Almir. Songbook Chico Buarque, vol. 2. Rio de Janeiro: Lumiar, 1999, p. 8-20.

ZWEIG, Stefan. Brasilien: Ein Land der Zukunft. Estocolmo: Bermann-Fischer, 1941.

Downloads

Publicado

2024-12-05

Como Citar

Ridenti, M. (2024). Benjamim, Benjamin: Romance, história e melancolia de esquerda. Literatura E Sociedade, 31(40), 61-85. https://doi.org/10.11606/issn.2237-1184.v0i40p61-85