As modernidades de Roberto Schwarz

Autores

  • Fabio M. Querido Universidade Estadual de Campinas

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2237-1184.v0i41p68-82

Palavras-chave:

Roberto Schwarz, crítica imanente, modernidade, nacionalismo, cosmopolitismo

Resumo

Roberto Schwarz é conhecido pelo modo como, por meio da crítica da literatura e/ou da cultura brasileira, apresentou um diagnóstico relativamente original do processo de formação nacional. Para isso, mobilizou uma noção de modernidade que, na visão de alguns críticos, pecaria por excesso de idealização, estabelecendo-se como parâmetro a partir do qual eram identificadas as “ausências” do Brasil “real”. Schwarz oscilaria, assim, entre cosmopolitismo e nacionalismo, exatamente a antinomia que havia buscado superar. Sem descartar a eventual pertinência destas críticas, o artigo defende a hipótese de que, se, de fato, Schwarz lança mão de uma noção ideal das ideologias modernas, em especial do liberalismo, é porque ele as toma, em perspectiva materialista, como “conceitos” a serem tencionados com a objetividade histórico-social, no âmbito de uma crítica que se pretende “imanente”. O importante, para o autor, é explorar os desajustes entre a teoria e a prática das elites brasileiras, decalagem que seria relevadora do tipo de dominação ideológica — em “segundo grau” — e material estabelecida no país a partir do século XIX. 

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Biografia do Autor

  • Fabio M. Querido, Universidade Estadual de Campinas

     é professor livre-docente de Sociologia da Unicamp. Autor, entre outros livros, de Lugar periférico, ideias modernas: aos intelectuais paulistas as batatas (Boitempo, 2024). Correio eletrônico: fquerido@unicamp.br.

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Publicado

2025-10-09

Como Citar

Querido, F. M. (2025). As modernidades de Roberto Schwarz. Literatura E Sociedade, 32(41), 68-82. https://doi.org/10.11606/issn.2237-1184.v0i41p68-82