Prenda que se ganha em lamento
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2448-1769.mag.2020.189756Palavras-chave:
Carlos Drummond de Andrade, poesia, amor, melancolia, fantasmaResumo
Após a publicação de A rosa do povo, em 1945, houve uma notória inflexão temática e estilística na poesia de Drummond, em cuja produção se passa a notar certo distanciamento face aos acontecimentos contemporâneos e às referências histórico-sociais, elaborando-se, a partir daí, uma poética voltada a matérias mais abstratas, de caráter universalizante ou metafísico. Nesse período há ainda o aprofundamento de um comportamento melancólico do sujeito poético amoroso drummondiano, em cujo canto se intensifica a alusão à ambiguidade e ao caráter fantasmático do amor. Neste ensaio apresentamos uma análise do poema “Escada”, de Fazendeiro do ar (1955), em que se lê o movimento de interpretação da experiência amorosa enquanto fantasmagoria potencial. Pois cabe quase sempre ao amante, amando, a consciência da perda, fazendo do poema amoroso um canto elegíaco, em que, ambiguamente, o amor e o poema só podem ser experimentados em sua precariedade e convite à dissolução, à fantasmagoria.
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