A poesia de Paul Celan e “Sobre verdades e mentiras no sentido extra-moral”, de Nietzsche: aproximações
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2448-1769.mag.2024.224018Palavras-chave:
Nietzsche, Linguagem, Verdade, Paul Celan, Transvaloração dos conceitosResumo
Em Crepúsculo dos Ídolos: ou como se filosofa com o martelo (1889), último livro escrito antes da enfermidade, Nietzsche estabelece, e de modo bastante elucidativo, o lugar da moral e da verdade para a construção do niilismo enquanto conceito. O filósofo entende que a moral, principalmente a cristã, nega a vida presente em favor de um ideal transcendental, tornando-se um "mal-entendido" que oferece consolo, mas também aprisiona a verdade em conceitos estáticos e ilusórios. Além disso, mas não menos importante, Nietzsche questiona a linguagem, a principal potência do homem, como instrumento para a cristalização desses conceitos. Assim, pretendo observar o texto “Verdade e mentira no sentido extra-moral” (1873), ensaio em que Nietzsche, além de salientar a incessante busca do homem pela verdade – sem deixar, é claro, de observar a ilusão inerente ao ato –, discorre sobre o intelecto humano, desmantela o conceito tradicional de verdade e questiona os limites da linguagem, a matéria-prima do intelecto. Ademais, dedico-me, à luz das considerações presentes no ensaio mencionado, à análise de alguns poemas de Paul Celan (1920-1970), em que um movimento bastante semelhante àquele proposto por Nietzsche salta aos nossos olhos, pois a linguagem é manejada como ferramenta fluida que pode apontar para verdades complexas e intuições profundas, mas nunca capturá-las completamente.
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