O teor testemunhal dos resquícios de escravidão nos versos de Lobivar Matos
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2448-1769.mag.2025.236245Palavras-chave:
Lobivar Matos, Poesia de testemunho, CorumbáResumo
O presente artigo investiga os poemas do intelectual Lobivar Matos como um arcabouço de teor testemunhal, destacando como suas obras Areôtorare: poemas boróros (1935) e Sarobá: poemas (1936) testificam narrativas vivenciadas na cidade de Corumbá, na década de 1930, antes da divisão do estado do Mato Grosso. Ao escrever sobre o poeta corumbaense, o estudo se concentra no labor de sua escrita enquanto literatura e memória cultural do estado, evidenciados em cada verso que desconstrói as dores que alicerçam sua poética. O trabalho aborda também as histórias locais dos bairros de negros e serviços análogos à escravidão, frequentemente negligenciadas pelos projetos globais, mas que ganham voz nos poemas de Lobivar Matos. A análise de seu testemunho se dá em contexto de extrema pobreza, dor, sofrimento e miséria dos bairros marginalizados de Corumbá, ressaltando a importância de sua expressão poética. A pesquisa considera influências ideológicas e epistemológicas diversas, refletindo sobre a história da colonização e seus impactos sociais e territoriais. A escrita está organizada em três tópicos principais que abordam o espaço, a época, a vivência e as produções do poeta na década de 1930, tendo como aporte teórico Márcio Seligmann-Silva (2010) e Paul Ricoeur (2007).
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