A arte de ver, ou a impossível arte de desver

Autores

  • Marina Soares Nogara Universidade de São Paulo. Faculdade Filosofia, Letras e Ciências Humanas

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2448-1769.mag.2025.236341

Palavras-chave:

Alice Munro, olhar, aura, Charles Baudelaire

Resumo

Alice Munro, renomada contista canadense, pouco deixou escrito sobre os desafios da criação literária. Em sua obra, no entanto, é possível localizar contos que versam sobre tal questão, escoando concepções interessantes sobre o fazer artístico e a matéria a partir da qual se formula a ficção. Para além do breve comentário sobre contos que tratam explicitamente do tema – como “Material”, da coletânea Something I’ve been meaning to tell you (2011), e “The Photographer”, de Lives of Girls and Women (2014) –, a proposta deste ensaio é sondar uma matéria mais ambígua: a relação que suas narrativas estabelecem com o olhar, intuindo que há nisso algo que se possa dizer acerca do olhar do artista – seus poderes, seus riscos, suas dores. As reflexões são erigidas a partir do conceito de aura, de Walter Benjamin, diretamente vinculado à maneira como encontra-se inscrito na poesia de Charles Baudelaire, especificamente em alguns poemas de As flores do mal (2019).

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Marina Soares Nogara, Universidade de São Paulo. Faculdade Filosofia, Letras e Ciências Humanas

    Doutoranda em Letras pela USP, no Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada. Graduada e Mestra em Escrita Criativa pela PUCRS.

Referências

BAUDELAIRE, Charles. As flores do mal. Tradução e organização de Júlio Castañon Guimarães. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2019.

BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica. In: BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 165-196.

BENJAMIN, Walter. Sobre alguns motivos na obra de Baudelaire. In: BENJAMIN, Walter. Baudelaire e a modernidade. Tradução de João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica, 2024. p. 103-149.

BENJAMIN, Walter. Parque Central. In: BENJAMIN, Walter. Baudelaire e a modernidade. Tradução de João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica, 2024. p. 153-189.

CARSON, Anne. Eros: o doce-amargo: um ensaio. Tradução de Julia Raiz. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2022.

GAGNEBIN, Jeanne Marie. O rumor das distâncias atravessadas. In: GAGNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar, escrever, esquecer. São Paulo: Editora 34, 2006. p. 145-161.

GAGNEBIN, Jeanne Marie. São Paulo: Editora 34, 2014. O olhar contido e o passo em falso. In: GAGNEBIN, Jeanne Marie. Limiar, aura e rememoração: ensaios sobre Walter Benjamin. São Paulo: Editora 34, 2014. p. 121-130.

MUNRO, Alice. Material. In: MUNRO, Alice. Something I’ve been meaning to tell you. London: Vintage Books, 2014. p. 28-52.

MUNRO, Alice. Epilogue: The Photographer. In: MUNRO, Alice. Lives of Girls and Women. London: Vintage Books, 2011. p. 265-276.

MUNRO, Alice. O amor de uma boa mulher. In: MUNRO, Alice. O amor de uma boa mulher. Tradução de Jorio Dauster. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 11-91.

MUNRO, Alice. Dear Life. London: Vintage Books, 2013.

MUNRO, Alice. Trespasses. In: MUNRO, Alice. Runaway: Stories. New York: Vintage Books, 2006. p. 197-235.

MUNRO, Alice. Powers. In: MUNRO, Alice. Runaway: Stories. New York: Vintage Books, 2006. p. 270-335.

MUNRO, Alice. What is real? 2012. Disponível em: . Acesso em: 04 de jan. de 2025.

MUNRO, Alice. Alice Munro, The Art of Fiction No. 137. [Entrevista concedida a] Jeanne McCulloch & Mona Simpson. Paris Review, New York, n. 131, 1994.

PIGLIA, Ricardo. Os sujeitos trágicos (literatura e psicanálise). In.: PIGLIA, Ricardo. Formas Breves. Tradução de José Marcos Mariani de Macedo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. p. 29-36.

PROUST, Marcel. Para o lado de Swann. Tradução de Mario Sergio Conti. São Paulo: Companhia das Letras, 2022. (À procura do tempo perdido; v.1).

Downloads

Publicado

2025-11-08

Edição

Seção

Ensaios de Curso

Como Citar

Nogara, M. S. (2025). A arte de ver, ou a impossível arte de desver. Magma, 1(21), 232-241. https://doi.org/10.11606/issn.2448-1769.mag.2025.236341