Autoficção por procuração: genealogia de um romance-documento e seu impacto na leitura em Sujet Angot
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2596-2477.i33p28-48Palavras-chave:
Autoficção, crítica genética, carta, documento, enunciaçãoResumo
Quando Christine Angot publicou Sujet Angot (1998), crítica e academia concluíram que a obra, rotulada como autoficção, era baseada numa carta do ex-marido da autora, o homônimo Claude. A partir da comparação da carta, presente no Fonds Christine Angot do IMEC, França (que de fato organiza a estrutura do romance, com dezenas de excertos transpostos) com outros textos - cadernos e notas fruto de entrevistas da autora com Claude - conclui-se que o romance não só é fiel a tais documentos pré-existentes externos à obra, o que vai ao encontro da defesa de uma literatura pura atrelada ao real que efetua Angot em outros discursos analisados (artigos, entrevistas, romances, processos na justiça), como que é ao reorganizar frases extraídas de vários textos produzidos por Claude - ou seja, pelo tratamento formal dos discursos de verdade -, que Angot recria a voz do protagonista. Desse retrabalho, surge uma enunciação de tipo confessional, percebida na recepção como sendo uma única e autêntica missiva em forma de diário. Método, prática, escritura e defesa da escrita encontram abrigo na análise do percurso genético do processo criativo.
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