Os manuscritos literários: memória em processo

Authors

  • Lourival Holanda Universidade Federal de Pernambuco

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2596-2477.i32p10-22

Keywords:

Manuscrito, Crítica genética, Processo de criação.

Abstract

Os manuscritos atestam um modo de memória e um processo criativo que dizem muito de um momento cultural. Simultaneamente memória social e mecanismo mental aqui se conjugam. O geneticista busca o fio complexo que liga a memória social à individual, no arranjo peculiar de que o manuscrito dá indícios; e os elementos esparsos que compõem a imprevisível lógica do manuscrito. Assim, os manuscritos permitem acompanham a lógica de composição; o ato de criar, concernindo o texto literário; do silêncio inicial ao ritmo que a escritura persegue, entre rasuras, hesitações, variantes e retomadas, A aposta do geneticista é a recolha de elementos que permitam ver o texto em ação -- o manuscrito -- a partir da detecção das descontinuidades do processo de escritura. Este processo criativo pode bem ser explicitado nos manuscritos de Graciliano Ramos, de Gustave Flaubert ou de Guimarães Rosa. O presente artigo busca mostrar o quanto o estudo dos manuscritos acrescentam à compreensão do texto final.

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Author Biography

  • Lourival Holanda, Universidade Federal de Pernambuco

    Doutor em Língua e Literatura Francesa pela Universidade de São Paulo (1992). Professor Associado 1 – UFPE. Diretor da Editora Universitária da UFPE. Da Academia Pernambucana de Letras. Contato: lourival.holanda@gmail.com.br.

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Published

2017-06-30

How to Cite

Holanda, L. (2017). Os manuscritos literários: memória em processo. Manuscrítica: Revista De Crítica Genética, 32, 10-22. https://doi.org/10.11606/issn.2596-2477.i32p10-22