A língua de Orion: surpresas e dificuldades na tradução de L’enfant bleu de Henry Bauchau
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2596-2477.i31p127-135Palavras-chave:
Henry Bauchau, Tradução, L’enfant bleu, PsicanáliseResumo
Iniciamos este artigo enfrentando algumas questões gerais relativas à tradução. Tais como: O que significa traduzir?; A tradução é uma atividade criativa ou meramente imitativa?; O que significa “fidelidade” em tradução?; Passamos em seguida à discussão das dificuldades encontradas na tradução para o português do livro L’enfant bleu – publicado em 2004, em língua francesa – de Henry Bauchau, importante escritor, dramaturgo e psicanalista belga. Traduzir Bauchau remete ao debate sobre os limites e possibilidades da tradução. Dado que a questão das equivalências e da fidelidade toma contornos dramáticos neste trabalho. Principalmente porque nos deparamos com uma dificuldade extra que vai além do mero traduzir do francês para o português. Existem no texto uma série de “desníveis”. Os personagens falam em diferentes registros linguísticos e se traduzem uns para os outros dentro do próprio romance. Ao mesmo tempo, o próprio autor parece querer traduzir de maneira mais palatável para o leitor conceitos de psicanálise recorrentes no texto. E o mais desafiador: a língua de Orion (jovem personagem psicótico), uma língua sui generis. Todas essas dificuldades encontradas nos obrigaram a pensar e criar respostas adequadas. Principalmente no que concerne a recriação na versão portuguesa da originalidade da língua do personagem principal.
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