A correspondência como arquivo sonoro da poesia: Mário de Andrade & Manuel Bandeira
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2596-2477.i50p101-121Palavras-chave:
Crítica genética, Correspondência, Recitação literária, Mário de Andrade (1893-1945), Manuel Bandeira (1886-1968)Resumo
Este artigo trata da criação poética modernista, em particular da gênese de Pauliceia desvairada, em sua relação com a voz e a recitação literária. Explora, para isso, a correspondência de Mário de Andrade e Manuel Bandeira, entendida como “arquivo da criação”, testemunho escrito de um processo genético que passa pela arte de dizer. As cartas documentam a leitura em voz alta e a recitação – muito difundidas no começo do século 20 e essenciais para a vanguarda, assim como a recepção crítica de Manuel Bandeira, ouvinte e leitor. Segundo o argumento, a correspondência permite suprir em parte a falta do registro sonoro, lastreando uma compreensão de Pauliceia, e da poesia de Mário de Andrade, para além do regime impresso.
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