Uma poética do anarquivamento em Frauta de barro, de Luiz Bacellar

Autores

  • João Paulo Cardoso Alves Universidade do Estado do Amazonas (UEA)
  • Allison Leão Universidade do Estado do Amazonas

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2596-2477.i56p%25p

Palavras-chave:

Frauta de barro; Luiz Bacellar; Arquivo; Memória; Anarquivamento.

Resumo

O presente artigo propõe a hipótese de que o processo de edição e reedição de Frauta de barro, do poeta amazonense Luiz Bacellar (1928-2012), implica um procedimento estético que pode ser lido à luz das possibilidades de arquivamento – material e imaterial – em contextos não hegemônicos, marcados pela rarefeita salvaguarda da memória cultural. Trata-se, para tanto, de pensar a correspondência entre um de seus temas centrais, isto é, o desaparecimento iminente ou consumado de certos nomes, objetos e lugares numa cidade em transformação, e a economia textual de que resultam as sete versões publicadas em vida do poeta. Vistas nessa chave, a mobilidade e instabilidade textuais aí verificadas parecem apontar para o caráter anarquívico da cultura circundante e internalizá-lo como um regime de produção de sentidos, cujo significado vale explorar. Recorrendo-se a reflexões sobre arquivo e memória em autores como Jacques Derrida (2001), Diana Taylor (2013), Aleida Assmann (2011) e Reinaldo Marques (2015), argumenta-se que Frauta de barro funda uma poética do anarquivamento extensível a toda a obra bacellariana. Conclui-se ainda que o conjunto de impressos forma um dossiê capaz de subsidiar o avanço de teorias locais do arquivo no contexto amazônico.

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Publicado

2025-12-23

Como Citar

Cardoso Alves, J. P., & Leão da Silva, A. M. (2025). Uma poética do anarquivamento em Frauta de barro, de Luiz Bacellar. Manuscrítica: Revista De Crítica Genética, 56. https://doi.org/10.11606/issn.2596-2477.i56p%p