No Limiar Do Livro: Os Paratextos de Misterios Del Plata, de Juana Manso, Nas Versões Autógrafas

Resumo

Este trabalho apresenta resultados preliminares da análise comparativa de paratextos editoriais da obra bilíngue Misterios del Plata, de Juana Paula Manso, publicada em folhetim nos jornais O Jornal das Senhoras, de 1852, no Rio de Janeiro, e no El Inválido Argentino, de 1867, em Buenos Aires, com o objetivo de verificar as reformulações feitas pela escritora no momento de re/publicação dos seus textos. Embora a obra Misterios del Plata tenha sido publicada em formato de livro na Argentina, de maneira póstuma, optou-se por estudar os paratextos originais, ou seja, os que apareceram sob os cuidados de sua autora nos referidos jornais, por serem autógrafos e, assim, apresentarem marcas presentes/ausentes das condições de produção da própria autora, diferente das demais edições, que têm marcas e acréscimos feitos por seus editores. Apoiando-se no conceito de paratexto de Gérard Genette (2009), de que um texto se apresenta, e se presentifica no mundo, com o reforço de certo número de produções, verbais ou não, como um nome de autor, um título, um prefácio, que formam uma “orla”, o limiar do texto, observa-se que as adequações das publicações da obra aos seus contextos e públicos revelam não apenas o desejo da escritora em participar ativamente da história política do seu país, mas apresenta a tessitura de um projeto literário poético, de uma mulher oitocentista da América do Sul, atravessado pela marca do exílio.