Jonathan Crary e os limites de uma utopia pós-mídia
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v19i2p199-221Palavras-chave:
Complexo Internético, Esgotamento Ambiental, Pós-Capitalismo, Pós-Mídia, Jonathan CraryResumo
Este artigo, escrito ao modo de um ensaio crítico, uma exegese teórica, pretende esmiuçar os argumentos centrais de Jonathan Crary em Terra arrasada, evidenciando os seus limites e extraindo algumas de suas implicações e consequências. Dois núcleos de problematização saltarão à frente: primeiro, o sujeito contemporâneo sendo descrito como um tipo de sonâmbulo — entorpecido, aprisionado, prestes a ser despertado —; e, em seguida, a vida na era digital compreendida como desenraizamento do mundo e das relações humanas por meio de dispositivos técnicos, processos de rotinização, espetacularização e instrumentalização da percepção (do olho, da voz e do rosto humanos como fontes de leitura e geração de dados).
Downloads
Referências
Arendt, H. (2016). A condição humana. Forense Universitária.
Bakhtin, M. (1999). A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: O contexto de François Rabelais. EDUNB.
Beasley, C., & Holmes, M. (2021). Internet dating: Intimacy and social change. Routledge.
Bignotto, N. (2011). Hannah Arendt e a Revolução Francesa. O que nos faz pensar, 20(29), 41–50. https://oquenosfazpensar.fil.puc-rio.br/oqnfp/article/view/327
Bonheur, R. A feira de cavalos de Rosa Bonheur. 1852-1855. The Metropolitan Museum of Art. https://www.metmuseum.org/pt/art/collection/search/435702
Carneiro, S. (2018). Hebert Marcuse e os desafios da hipótese repressiva. Dissonância: Revista de Teoria Crítica, 2(1.1), 150–175. https://ojs.ifch.unicamp.br/index.php/teoriacritica/article/view/3059
Carreras, M. (2012). The rise of outsiders in Latin America, 1980-2010: An institutionalist perspective. Comparative Political Studies, 45(12), 1451–1482. https://doi.org/10.1177/0010414012445753
Castells, M. (2013). Redes de indignação e esperança: Movimentos sociais na era da internet. Zahar.
Crary, J. (2012). Técnicas do observador: Visão e modernidade no século XIX. Contracampo.
Crary, J. (2013). Suspensões da percepção: Atenção, espetáculo e cultura moderna. Cosac Naif.
Crary, J. (2016). 24/7: Capitalismo tardio e os fins do sono. Ubu.
Crary, J. (2023). Terra arrasada: Além da era digital, rumo a um mundo pós-capitalista. Ubu.
Della Porta, D. (2013). E-democracy? New technologies and democratic deepening. In: Della Porta, D. Can democracy be saved? Participation, deliberation and social movements. (pp. 85–103). Polity.
Do Valle, M. R. (2006). Violência revolucionária em Hannah Arendt e Herbert Marcuse. Editora da Unesp.
Earl, J., & Kimport, K. (2011). Digitally enabled social change: Activism in the internet age. MIT Press.
Fisher, M. (2020). Realismo capitalista: É mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo? Autônoma Literária.
Fuchs, C. (2023). Digital democracy and the digital public sphere: Media, communication and society. Routledge.
Foucault, M. (1987). Vigiar e punir. Vozes.
Gabriel, R. S. (2023, 8 de abril). Em livro, Jonathan Crary diz que o futuro deve ser off-line: ‘Fim da linha para a vida do planeta’. O Globo. https://oglobo.globo.com/cultura/livros/noticia/2023/04/em-livro-critico-de-arte-jonathan-crary-diz-que-o-futuro-deve-ser-off-line-fim-da-linha-para-a-vida-no-planeta.ghtml
García Canclini, N. (2013). Culturas híbridas: Estratégias para entrar e sair da modernidade. Edusp.
G1. (2024). Criogenia: Congelamento de corpos em busca da vida eterna funciona? Entenda I FANTÁSTICO [Vídeo]. YouTube. https://www.youtube.com/watch?v=v6AGx3‑E9RY
Habermas, J. (2006). Political communication in media society: Does democracy still enjoy an epistemic dimension? The impact of normative theory on empirical research. Communication Theory, 16(4), 411–426. https://doi.org/10.1111/j.1468-2885.2006.00280.x
Habermas, J. (2022). Reflections and hypotheses on a further structural transformation of the political public sphere. Theory, Culture & Society, 39(4), 145–171. https://doi.org/10.1177/02632764221112341
Han, B-C. (2015). Sociedade do cansaço. Vozes.
Latour, B. (2004). Why has critique run out of steam? From matters of fact to matters of concern. Critical Inquiry, 30(2), 225–248. https://doi.org/10.1086/421123
Loureiro, I. (2005). Herbert Marcuse – Anticapitalismo e emancipação. Trans/Form/Ação, 28(2), 7–20. https://doi.org/10.1590/S0101-31732005000200001
Lotman, I. M. (1996). La semiosfera I. Cátedra.
Medina, E. (2024). Aprendendo com CyberSyn, 50 anos depois: Entrevista com Eden Medina. [Entrevista cedida a Rafael Grohmann]. Digilabour. https://digilabour.com.br/aprendendo-com-cybersyn-50-anos-depois
-entrevista-com-eden-medina/
Medina, E. (2013). Revolucionarios cibernéticos: Tecnología y política en el Chile de Salvador Allende. LOM Ediciones.
Majkowski, T. Z. (2019). Realismo grotesco e carnalidade: Inspirações bakhtinianas em estudos de games. Intexto, (46), 196–214. https://doi.org/10.19132/1807-8583201946.196-214
Marcuse, H (1966). Prefácio político. In: Marcuse, H. Eros e civilização: Uma interpretação filosófica do pensamento de Freud (pp. 13–23). Zahar.
Martín-Barbero, J. (1997). Dos meios às mediações: Comunicação, cultura e hegemonia. Editora UFRJ.
Mitchelstein, E., Matassi, M., & Boczkowski, P. J. (2020). Minimal effects, maximum panic: Social media and democracy in Latin America. Social Media + Society, 6(4). https://doi.org/10.1177/2056305120984452
Neuberger, C., Bartsch, A., Fröhlich, R., Hanitzsch, T., Reinemann, C., & Schindler, J. (2023). The digital transformation of knowledge order: A model for the analysis of the epistemic crisis. Annals of the International Communication Association, 47(2), 180–201. https://doi.org/10.1080/23808985.2023.2169950
Newman, N., Fletcher, R., Eddy, K., Robertson, C., & Nielsen, R. K. (2023). Reuters Institute digital news report. Reuters Institute for the Study of Journalism.
Novaes, A. C. (2017). Pensar sem apoios: Hannah Arendt e a vida do espírito como política do pensar [Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo] Biblioteca Digital USP. http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-02062017-095237/
Nunes, R. (2022). Do transe à vertigem: Ensaios sobre bolsonarismo e um mundo em transição. Ubu.
Oliveira, T., Holzbach, A., Grohmann, R., & Tavares, C. Q. (2020). E se os editores de revistas científicas parassem? A precarização do trabalho acadêmico para além da pandemia. Contracampo, 39(2). https://doi.org/10.22409/contracampo.v39i2.45574
Prado, M. P. (2021). Deepfake de áudio: Manipulação simula voz real para retratar alguém dizendo algo que não disse. TECCOGS: Revista Digital de Tecnologias Cognitivas, (23), 45–68. https://doi.org/10.23925/1984-3585.2021i23p45-68
Rojo, R. (2013). Escol@ conectada: Os multiletramentos e as TICs. Parábola.
Ruberg, B. (2022). Sex dolls at sea: Imagined histories of sexual technologies. MIT Press.
Santos, N., Chagas, V., & Marinho, J. (2022). De onde vem a informação que circula em grupos bolsonaristas no WhatsApp. Intexto, (53), 123603. https://doi.org/10.19132/1807-8583202253.123603
Silva, S. F., Sampaio, I. V., & Máximo, T. M. (2023). Infância, adolescência e TIC’s: Uma década de pesquisa em educação, psicologia e comunicação. Comunicação & Sociedade, 45(1), 77–111. https://revistas.metodista.br/index.php/comunicacaosociedade/article/view/444
Solano, E. (2019). A bolsonarização do Brasil. In: Democracia em risco: 22 ensaios sobre o Brasil hoje (pp. 307–321). Companhia das Letras.
Vaughan, D. (1996). The challenger launch decision: Risk technology, culture and deviance at NASA. University of Chicago Press.
Zhou, Y., & Lim, S.-N. (2021). Joint audio-visual deepfake detection. Proceedings of the IEEE/CVF International Conference on Computer Vision, 14800–14809. https://doi.org/10.1109/ICCV48922.2021.01453
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution (CC BY-NC-SA 4.0) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista para fins não comerciais.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.




















