Jonathan Crary e os limites de uma utopia pós-mídia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v19i2p199-221

Palavras-chave:

Complexo Internético, Esgotamento Ambiental, Pós-Capitalismo, Pós-Mídia, Jonathan Crary

Resumo

Este artigo, escrito ao modo de um ensaio crítico, uma exegese teórica, pretende esmiuçar os argumentos centrais de Jonathan Crary em Terra arrasada, evidenciando os seus limites e extraindo algumas de suas implicações e consequências. Dois núcleos de problematização saltarão à frente: primeiro, o sujeito contemporâneo sendo descrito como um tipo de sonâmbulo — entorpecido, aprisionado, prestes a ser despertado —; e, em seguida, a vida na era digital compreendida como desenraizamento do mundo e das relações humanas por meio de dispositivos técnicos, processos de rotinização, espetacularização e instrumentalização da percepção (do olho, da voz e do rosto humanos como fontes de leitura e geração de dados).

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Biografia do Autor

  • Gilmar Montargil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    Doutorando e Mestre em Comunicação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGCOM/UFRGS). Mestre em Estudos de Linguagens pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (PPGEL/UTFPR). Membro do Grupo de Pesquisa Semiótica e Culturas da Comunicação (GPESC/CNPq).

  • Fabrício Lopes da Silveira, Universidade Federal de Ouro Preto

    Doutor em Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Membro do Grupo de Pesquisa Semiótica e Culturas da Comunicação (GPESC/CNPq). Pós-doutorado na School of Arts and Media da Universidade de Salford, Inglaterra. 

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Publicado

2025-08-31

Edição

Seção

Em Pauta/Agenda

Como Citar

Montargil, G., & Silveira, F. L. da. (2025). Jonathan Crary e os limites de uma utopia pós-mídia. MATRIZes, 19(2), 199-221. https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v19i2p199-221