Do comunicar para o habitar: as contribuições dos povos originários para a construção de uma ideia conectiva de comunicação

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v19i3p11-33

Palavras-chave:

Tecnodiversidade, ecossistema digital, comunicação indígena, tecnologia do habitar

Resumo

O artigo discute a crise da ideia moderna de comunicação a partir da crítica à concepção ocidental de técnica, frequentemente tomada como universal e entendida como ação humana aplicada e instrumento externo de transmissão de conteúdos. Em contraste, propõe, com base nas novas formas de conectividade e nos ecossistemas digitais, a noção de um habitar tecnológico, no qual humano, tecnologia e ambiente constituem dimensões simbióticas e indissociáveis. Nesse cenário, a comunicação deixa de ser uma prerrogativa exclusivamente humana e torna-se propriedade compartilhada entre todos os elementos do ecossistema — incluindo plantas, animais e componentes inorgânicos — aproximando-se das cosmovisões dos povos originários do Brasil.

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Biografia do Autor

  • Massimo di Felice, Universidade de São Paulo

    Professor titular da Universidade de São Paulo, é vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (PROCAM-USP) do Instituto de Energia e Ambiente (IEE-USP). Docente da graduação da Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP), é bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, nível 2. Coordenador do Centro Internacional de Pesquisa ATOPOS (USP). 

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Publicado

2025-12-22

Edição

Seção

Dossiê

Como Citar

di Felice, M. (2025). Do comunicar para o habitar: as contribuições dos povos originários para a construção de uma ideia conectiva de comunicação. MATRIZes, 19(3), 11-33. https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v19i3p11-33