O caminho da violência pelas narrativas jornalísticas: a patologização do machismo
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-7714.no.2021.189123Palavras-chave:
Violência contra mulheres, Revitimização, Violência institucional de gênero, Patologização do machismo, Jornais O popular e Diário da manhãResumo
Este trabalho apresenta uma análise sobre a patologização do machismo por meio das narrativas dos jornais O Popular e Diário da Manhã de 2016 e 2017. Procura-se categorizar a construção e os argumentos dessas narrativas no que tange à temática da violência de gênero e do processo de revitimização. Para tanto, buscou-se articular leituras de gênero, comunicação e direitos humanos com o fito de evidenciar a ocorrência de violência de gênero no processo de revitimização das mulheres violentadas, convertidas em objeto de representações jornalísticas. A forma como as mulheres em situação de violência foram abordadas nas matérias analisadas denotou que estas apresentam conteúdos e narrativas estruturadas a partir de regimes simbólicos correntes em outros campos da vida social que naturalizam relações violentas e desiguais. Assim, as dinâmicas jornalísticas também assumem o papel de agentes de violência – numa dimensão simbólica – nesse processo, em que se encontra a dinâmica da revitimização midiática.
Downloads
Referências
Abramo, P. (2016). Padrões de manipulação na grande imprensa. Perseu Abramo.
Araújo, N. (2017). Mulher foi torturada antes de ter o clitóris mutilado. O Popular. https://opopular.com.br/noticias/cidades/mulher-foi-torturada-antes-de-ter-o-clit%C3%B3ris-mutilado-1.1301557
Bandeira, L. M. (2014). Violência de gênero: A construção de um campo teórico e de investigação. Sociedade e Estado, 29(2), 449-469. https://doi.org/10.1590/S0102-69922014000200008
Bandeira, L. M. (2017). Violência, gênero e poder: Múltiplas faces. In C. Stevens, S. Oliveira, V. Zanello, E. Silva & C. Portela (Orgs.), Mulheres e violências: Interseccionalidades (pp. 14-35). Technopolitik.
Bandeira, L. M., & Magalhães, M. J. (2019). A transversalidade dos crimes de femicídio/feminicídio no Brasil e em Portugal. Revista da Defensoria Pública do Distrito Federal, 1(1), 29-56.
Bardin, L. (2016). Análise de conteúdo. Edições 70.
Bourdieu, P. (2019). A dominação masculina (5a ed.). Bertrand Brasil.
Carneiro, A. S. (2003). Mulheres em movimento. Estudos Avançados, 17(49), 117-137. https://doi.org/10.1590/S0103-40142003000300008
Chauí, M. (1985). Participando do debate sobre mulher e violência. In B. Franchetto, M. L. V. Cavalcanti & M. L. Heilborn (Orgs.), Perspectivas antropológicas da mulher (v. 1, pp. 23-62). Zahar.
Cunha, R. S., & Pinto, R. B. (2008). Violência doméstica: Lei Maria da Penha – 11.340/2006 comentada artigo por artigo (2a ed.). Revista dos Tribunais.
DECARLI, M. O. (2017). O Partejar e a Violência Obstétrica: silenciosa violência e a violência do silêncio. [Dissertação, Universidade Federal do Rio de Janeiro]. UFRJ.
Drogas: classificação e feitos no organismo. (s.d.). Faculdades Adamantinenses Integradas. http://www.fai.com.br/portal/pibid/adm/atividades_anexo/74df176f30bca479a211a121bfbc6a40.pdf
Gregori, M. F. (1993). Cenas e queixas um estudo sobre mulheres, relações violentas e a prática feminista. Paz e Terra.
Lamas, M. (2000). Diferencias de sexo, género y diferencia sexual. Cuicuilco, 7(8), 1-24.
Lima, A. P. (2001). A notícia de violência contra a mulher e a violência da notícia. [Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Goiás]. Cercomp UFG.
Machado, L. Z. (1998). Gênero: um novo paradigma? Cadernos Pagu, (11), 107-125.
Moura, S. N. C. (2017). Estupro de mulheres como crime de guerra: Lições sobre direito, feminismo e vitimização. Servanda.
Melo, R. (2016, 16 de setembro). Bastante ferida, jovem é resgatada após sequestro por ex. O Popoular. https://opopular.com.br/noticias/cidades/bastante-ferida-jovem-%C3%A9-resgatada-ap%C3%B3s-sequestro-por-ex-1.1149138
Neves, A. P. C. (2021). Além das narrativas jornalísticas e policiais: Uma análise sobre a revitimização das mulheres em situação de violência de gênero institucional [Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Goiás]. Cercomp UFG.
Neves, A. P. C., & Moreira, R. D. (2021, 19-30 de julho). A culpabilização das mulheres nas narrativas sobre violência de gênero nos boletins de ocorrência e nos jornais diários de Goiânia [Trabalho apresentado]. Seminário internacional fazendo gênero 12, Santa Catarina, SC, Brasil.
Saffioti, H. I. B. (2004). Gênero e patriarcado: Violência contra mulheres. In G. Venturi, M. Recamán & S. Oliveira (Orgs.), A mulher brasileira nos espaços público e privado (pp. 43-60). Fundação Perseu Abramo.
Sanematsu, M. (2011). Análise da cobertura da imprensa sobre violência contra as mulheres. In V. Vivarta (Ed.), Imprensa e agenda de direitos das mulheres: Uma análise das tendências da cobertura jornalística (pp. 55-104). ANDI; Instituto Patrícia Galvão.
Silva, B. (2017, 30 de setembro). Doméstica está assustada: “Se ele sair, ele me mata”. Diário da Manhã. http://impresso.dm.com.br/edicao/20170930/pagina/5
Wilson, M. & Daly, M. (1998). Sexual Rivalry and Sexual Conflict: Recurring Themes in Fatal Conflicts. Theoretical Criminology, 2(3), 291-310.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Ana Paula de Castro Neves, Angelita Pereira de Lima

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Proposta de Aviso de Direito Autoral Creative Commons
1. Proposta de Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution CC Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.