Participação popular: um gesto de conservação de jardim público no Recife
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2359-5361.paam.2022.191285Palavras-chave:
Jardim Histórico, Restauração, Gestão, Burle Marx, Conservação, Participação PopularResumo
A conservação de um jardim histórico requer ações estratégicas que dependem da atuação de especialistas e, em grande parte, do envolvimento da população usuária. Nessas ações, deve-se considerar a concepção do paisagista, o caráter perecível e renovável do jardim e o uso da população, o que demanda uma integração de diferentes saberes que irão repercutir no pacto da gestão. O presente artigo trata da participação popular na prática da conservação de um jardim histórico reconhecido como patrimônio cultural em 2017, a Praça Faria Neves, que representa um avanço no processo de gestão de um patrimônio vivo, reunindo diferentes atores sociais. Foi projetada pelo paisagista Roberto Burle Marx em 1958 e restaurada em 2006 com o apoio dos moradores locais, o que a diferencia das intervenções em outros jardins históricos do paisagista na cidade do Recife. Esse processo participativo, que prenuncia a educação patrimonial, foi fortalecido no processo de restauração, junto aos técnicos responsáveis da Prefeitura do Recife e aos pesquisadores do Laboratório da Paisagem da Universidade Federal de Pernambuco. Além disso, concorreu, significativamente, para consolidar o protagonismo dos moradores e, até certo ponto, dos comerciantes informais na constituição do primeiro Conselho Gestor previsto no Plano de Gestão dos Jardins Históricos de Burle Marx no Recife de 2019.
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