Flávio de Carvalho, paisagista

Resumen

Este artigo aponta Flávio de Carvalho (1899-1973) como um importante precursor do paisagismo moderno no Brasil, apesar de as suas contribuições no campo do projeto paisagístico e a sua reflexão teórica sobre natureza, paisagem e vegetação ainda não terem sido devidamente reconhecidas. Fizemos uma análise detida de alguns dos projetos de Carvalho, com ênfase na produção dos anos 1920 e 1930, quando o artista passou a atuar no meio cultural paulistano, dialogando com intelectuais e artistas ligados ao modernismo paulista. Esses trabalhos, analisados à luz de aspectos centrais ao pensamento paisagístico moderno – tais como a negação do historicismo, a influência das vanguardas, a busca da síntese das artes, a valorização da tridimensionalidade espacial, a ênfase no lazer e nos usos ativos dos espaços livres, e o reconhecimento das qualidades botânicas e simbólicas da vegetação –, demonstram como as formulações teórico-plásticas de Carvalho para o problema dos espaços livres trazem a possibilidade de se pensar o paisagismo brasileiro sobre novas bases, participando do esforço de renovação que seria consolidado posteriormente por Roberto Burle Marx (1909-1994).