Paisagens de várzeas: iniciativas de vivência
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2359-5361.paam.2025.233141Palavras-chave:
paisagem, natureza e cidade, várzea, iniciativas populares, imaginários urbanosResumo
O artigo apresenta resultados parciais de um projeto interinstitucional de pesquisa-ação voltado ao tema das várzeas urbanas. Se a ideia de várzea, análoga à condição do ser varzeano, costuma trazer consigo valores depreciativos, perspectivados pela assepsia dos “Altos” das cidades, o trabalho investiga, em terrenos úmidos, iniciativas recentes de cultivo e de vivência da paisagem. Trata-se de hortas e pomares inventados, desde 2016, por habitantes da Vila Santa Filomena junto ao córrego Água da Grama, em Bauru (SP). O texto assume como enfoque os papeis da pesquisa de campo baseada na experiência estética (BÖHME, 2010) e das imagens poéticas que lhe correspondem (BACHELARD, 2013) em processos investigativos dirigidos à paisagem. Na condição de refugos urbanos desprovidos de destinação, de modo quase clandestino, um sentimento de natureza se insinua de maneira originária, codividido por plantas germinadas ao acaso, afeitas a charcos, e pelas sementes e mudas plantadas por pessoas interessadas em cultivá-las. Os resultados por ora obtidos permitem sinalizar a relevância da percepção corpórea e do revolvimento crítico dos imaginários como matéria e método para uma aferição mais precisa dos valores simbólicos das várzeas e de suas paisagens latentes.
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