Socialismo, gênero e trabalho: uma análise da União Operária, de Flora Tristan

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2021.186010

Palavras-chave:

Flora Tristan, classe operária, igualdade de gênero, socialismo, trabalho

Resumo

Este artigo tem o objetivo de situar a obra de Flora Tristan (1803-1844) na tradição socialista e de identificar pontos de contato e de contraste com o chamado socialismo utópico. Mostro como os debates sobre o pauperismo e a questão social, tão em voga no início do século XIX, dialogavam diretamente com a negação do trabalho das mulheres fora do ambiente doméstico. A partir da análise do livro União Operária (1843), aponto para a originalidade do pensamento de Flora Tristan ao desenvolver uma visão mais abrangente sobre as definições de trabalho e de classe operária. Sugiro que o apagamento de suas ideias nas narrativas hegemônicas sobre a história do socialismo e do movimento operário está relacionada, por um lado, à vinculação de Tristan ao quadro geral do “socialismo utópico” e, por outro, ao fato de ela ter entrelaçado a emancipação da classe operária à emancipação das mulheres.

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Biografia do Autor

  • Luna Ribeiro Campos, Centro Federal de Educação Tecnólogica Celso Suckow da Fonseca

    Professora de Sociologia do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ). Mestra em Sociologia e Antropologia pelo PPGSA/UFRJ e doutoranda em Ciências Sociais na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), vinculada ao Núcleo de Estudos de Gênero Pagu. Orcid: 0000-0003-3515-5216

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Publicado

2024-09-19

Edição

Seção

Dossiê "Marxismo, feminismo e a teoria social"

Como Citar

Campos, L. R. (2024). Socialismo, gênero e trabalho: uma análise da União Operária, de Flora Tristan. Plural, 28(2), 11-27. https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2021.186010