A dialética da ostentação e do recalque: Zé ou Rei

Autores

  • Thais Regina Pavez Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2023.213902

Palavras-chave:

Juventude, Consumo, Funk, Crime, Ostentação

Resumo

O artigo discute as transformações e consequências da generalização da lógica da mercadoria e do dinheiro nas margens sociais nas expectativas, nos desejos e no imaginário dos jovens periféricos. Seguindo o pressuposto do paralelismo entre narcisismo e fetichismo da mercadoria, mostramos que a ostentação é uma disposição que orienta o comportamento social dos jovens no sentido da dialética da onipotência e da impotência. O revezamento constante entre a ostentação e o ressentimento era impelido pela perspectiva desesperadora de serem socialmente descartados e pela angústia permanente que decorria das experiências que permeavam todas as esferas e o revezamento entre ilícito, legal e ilegal. Assim, os jovens viviam permanentemente entre uma alternativa auto sacrifical; apostando na “vida loka”, e uma vida de impotência diante de desejos de consumos ilimitados e horizontes de vida rebaixados como trabalhador.

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Publicado

2023-09-05

Edição

Seção

Dossiê Afetividades Marginais, Grupos Armados e Mercados Ilegais

Dados de financiamento

Como Citar

Pavez, T. R. (2023). A dialética da ostentação e do recalque: Zé ou Rei. Plural, 30(02), 61-79. https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2023.213902