Antifeminismo como identidade política: o caso da deputada Chris Tonietto
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2024.222385Palavras-chave:
questões de gênero, extrema-direita, redes socais, comportamento parlamentar, antifeminismoResumo
O artigo discute a relevância da pauta de gênero na agitação política da extrema-direita no Brasil, abordando a reação virulenta contra os avanços dos movimentos feminista e LGBT+. A “desordem de gênero” é tema central da agenda da direita radical que se unificou sob a liderança de Jair Bolsonaro, ao lado de corrupção, punitivismo penal, liberação do porte de armas, negacionismo climático e outros. Para parte dela, gênero é a pauta dominante – como no caso da deputada Chris Tonietto (PL-RJ), ligada ao ultraconservadorismo católico. A análise de sua conta no Instagram mostra o predomínio de uma agenda antifeminista, em particular do combate ao direito ao aborto. Tonietto não apenas reage nos momentos em que a questão surge na agenda pública como pauta ativamente o tema e investe em conteúdos destinados a formar uma militância contrária aos direitos das mulheres. É um uso do mandato parlamentar com o objetivo, não exclusivo, mas importante, de instruir ideologicamente sua base. Trata-se de uma característica de parte da nova extrema-direita, aquela que apresenta Gramsci como arqui-inimigo, mas que absorveu suas lições sobre a necessidade de conquistar a hegemonia – e como a disputa por valores e por representações do mundo social é central nesse processo.
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