“This is Maré”: dança e performance como estratégias de representação e resistência de jovens periféricos em um ambiente necropolítico

Resumo

Este artigo investiga as interseções entre juventudes negras, arte, cultura e violência, analisando suas implicações para a construção de saberes e representações das juventudes faveladas. Fundamenta-se no arcabouço teórico pós-estruturalista dos Estudos Culturais, mobilizando os conceitos de pedagogias de morte e resistência, juventudes negras, performance, território e necropolítica como ferramentas analíticas centrais. O objetivo é examinar como a arte e a performance na dança são apropriadas como práticas pedagógicas pelas juventudes do Complexo da Maré, permitindo a construção e a expressão de novos saberes. A pesquisa se ancora em autores como Hall (2008), Mbembe (2018), Camozzato e Costa (2013). O material empírico – o videoclipe “THIS IS MARÉ”, produzido pelo grupo Dance Maré e divulgado em maio de 2024 – é analisado a partir da etnografia de telas (Balestrin; Soares, 2017), permitindo explorar como a performance visual e digital contribui para a produção de contranarrativas sobre territorialidade. Os resultados indicam que a dança e a arte emergem como formas de resistência, ressignificando a vivência na favela e reverberando discursos que desafiam as representações hegemônicas da juventude negra periférica.