Contra-en(cantar) o bairro: poéticas da paisagem do rap kriolu na Área Metropolitana de Lisboa
DOI:
https://doi.org/10.11606/vhdge794Palavras-chave:
rap kriolu, poéticas da paisagem, tecnologias, antropologia urbana, estudos urbanosResumo
As narrativas sobre as cidades constituem uma dimensão estruturante da vida urbana. Embora diversas, operam em um campo de forças desiguais. Parte delas são dominantes e responsáveis por disseminar concepções circunscritas de cidade. A despeito disso, narrativas dissidentes existem (e resistem). Esta problemática é o ponto de partida da etnografia que realizo com mulheres rappers engajadas com a cena de rap kriolu da Área Metropolitana de Lisboa, Portugal. É a partir da perspectiva da imaginação espacial e da eficácia simbólica das narrativas que venho me engajando e pensando junto com elas sobre questões mais abrangentes da vida urbana. Neste artigo, formulo interpretações iniciais deste percurso de pesquisa. Do ponto de vista teórico, busco dialogar e construir pontes entre duas ideias centrais: poéticas da paisagem e tecnologias de contra-encantamento.
Referências
AGIER, Michel. Antropologia da Cidade: lugares, situações, movimentos. São Paulo: Terceiro Nome, 2011.
ALVES, Ana Rita. Quando Ninguém Podia Ficar. Racismo, habitação e território. Lisboa: Livraria Tigre de Papel, 2021.
ANZALDÚA, Gloria. Borderlands : the new mestiza = La frontera. San Francisco: Aunt Lute, 1987.
CACHADO, Rita Ávila. O Programa Especial de Realojamento. Ambiente histórico, político e social. Análise Social, N.° 206, xlviii (1.o), 2013, pp. 134-152.
CARNEIRO, Aparecida Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. 2005. Tese (Doutorado em Educação - Área Filosofia da Educação) — Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.
CERTEAU, Michel de. The practice of everyday life. Berkeley, Los Angeles and London: University of California Press, 1988.
CRAMPTON, Jeremy W.; KRYGIEr, John. An introduction to critical cartography. ACME: An International E-Journal for Critical Geographies, Vol. 4, 2006, pp. 11–33.
DU BOIS, W. E. B. The Souls of Black Folk. Oxford: Oxford University Press, 2007.
DYSON, Michael Eric. The Culture of Hip-Hop. Em: NEAL, Mark Anthony; FORMAN, Murry (Eds.). That’s the joint! : the hip-hop studies reader. New York: Routledge, 2004. p. 61–67.
EPALANGA, Kalaf. Também os brancos sabem dançar. São Paulo: Todavia, 2018, e-book ed.
FABIAN, Johannes. Time and the other : how anthropology makes its object. New York: Columbia University Press, 2014. DOI: 10.7312/fabi16926.
FINNEGAN, Ruth. Tales of the City: A Study of Narrative and Urban Life. Cambridge: Cambridge University Press, 1998, Kindle Edition ed.
FREIRE-MEDEIROS, Bianca; NAME, Leo. Epistemologia da laje. Tempo Social, v. 31, n. 1, 17 abr. 2019, p. 153–172.
GELL, Alfred. The Technology of Enchantment and the Enchantment of Technology. Em: The Art of Anthropology: Essays and Diagrams. Oxford and New York: Berg, 2006.
GILROY, Paul. The Black Atlantic: Modernity and Double Consciouness. London and New York: Verso, 1993.
GLISSANT, Édouard. Caribbean discourse : selected essays. Tradução: J. Michael Dash. Charlotesville: University Press of Virginia, 1999.
GRAY, Lila Ellen. E. Fado Resounding: Affective politics and urban life. Durham and London: Duke University Press, 2013.
INGOLD, Tim. Being alive : essays on movement, knowledge and description. London and New York: Routledge, 2011. DOI: 10.4324/9781003196679.
INGOLD, Tim. The Life of Lines. London and New York: Routledge, 2015. DOI: 10.4324/9781315727240.
LUGONES, María. Colonialidad y género: hacia un feminismo descolonial. Em: MIGNOLO, W. (Ed.). Género y descolonialidad. Buenos Aires: Del Signo, 2008, p. 13–54. DOI: 10.25058/20112742.340.
MAFEJE, Archie. The theory and ethnography of african social formations. The case of the interlacustrine kingdoms. London: Codesria book Series, 1991.
MCKITTRICK, Katherine. Demonic Grounds : Black women and the cartographies of struggle. Minneapolis and London: University of Minnesota Press, 2006.
MESQUITA, André Luiz. Mapas Dissidentes: Proposições Sobre um Mundo em Crise (1960- 2010). 2013. Tese (Doutorado em História Social) —Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.
MIGNOLO, Walter. Local Histories/Global Deisgns: Coloniality, Subaltern Knowledges, and Border Thinking. Princeton and Oxford: Princeton University Press, 2000.
NAME, Leo; CARRILLO, Oswaldo Francisco Freitez. Cartografias alternativas decoloniais - Gênero, sexualidades e espaços em uma universidade em área transfronteiriça. Vitruvirus, nº 20, 2019. Disponível em: https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/20.230/7478. Acesso em: 9 de jun. 2023.
PARDUE, Derek. Cape Verde, let’s go : Creole rappers and citizenship in Portugal. Chicago: University of Illinois, 2015.
PATERNIANI, Stella Zagatto. Da branquidade do Estado na ocupação da cidade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 31, 2016, p. e319109. DOI: 10.17666/319109/2016.
PATERNIANI, Stella. Zagatto. São Paulo cidade negra: branquidade e afro-futurismo a partir de lutas por moradia. 2019. Tese (Doutorado em Antropologia) Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder y clasificación social. Em: CASTRO-GÓMEZ, Santiago; GROSFOGUEL, Ramón. (Eds.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores; Universidad Central, Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos y Pontificia Universidad Javeriana, Instituto Pensar, 2007.
RAPOSO, Otavio; VARELA, Pedro; SIMÕES, José Alberto; CAMPOS, Ricardo. “Nos e fidju la di gueto, nos e fidju di imigranti, fidju di Kabu Verdi”: estética, antirracismo e engajamentos no rap crioulo em Portugal. Sociedade e Estado, v. 36(1), pp. 269–291, jan. 2021.
RISLER, Julia; Ares, Pablo. Manual de mapeo colectivo: recursos cartográficos críticos para procesos territoriales de creación colaborativa. Buenos Aires: Tinta Limón, 2013.
ROSE, Tricia. Black Noise: Rap Music and Black Culture in Contemporary America. Kindle Edition ed. Hanover & London: Wesleyan University Press, 1994.
ROY, Ananya. Slumdog Cities: Rethinking Subaltern Urbanism. International Journal of Urban and Regional Research, v. 35 (2), pp. 223–238, 1 mar. 2011.
RUFINO, Luiz. Pedagogia das encruzilhadas. Rio de Janeiro: Mórula, 2019.
SAID, Edward W. Orientalism. New York: Vintage Books, 1994.
SEGATO, Rita Laura. La crítica de la colonialidad en ocho ensayos y una antropología por demanda. Buenos Aires: Prometeo Libros, 2013.
SIMÕES, S. Fixar o (in)visível: papéis e reportórios de luta dos dois primeiros grupos de RAP femininos a gravar em Portugal (1989 - 1998). Cadernos de Arte e Antropologia, 7(1), 2017. https://doi.org/10.4000/cadernosaa.1397. DOI: 10.4000/cadernosaa.1397.
SIMÕES, S. Para uma história e teoria crítica do RAP em Portugal: Fixar os paradoxos, os caminhos percorridos e as resistências das primeiras mulheres. Em: SITOE, Tirsol GUERRA, Paula (Eds.). Reinventar o discurso e o palco. O rap, entre saberes locais e saberes globais. Porto: Universidade do Porto, 2019.
SOUZA, Ângela Maria de. O rap crioulo em Portugal: corporalidades em performance dando voz a novas rualidades. Revista Angolana de Sociologia [Online], v. 8, p. 111–127, 2011. DOI: 10.4000/ras.564.
STRATHERN, Marilyn. O efeito etnográfico e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify, 2014.
VEIGA, Manuel. O Caboverdiano em 45Lições. Praia: INIC/UNESCO, 2002.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.