Augusto paulistano: a réplica da estátua de Prima Porta em contexto

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/50qd2527

Palavras-chave:

Augusto de Prima Porta, fascismo, romanidade, Largo do Arouche, São Paulo

Resumo

O presente artigo tem por objetivo contextualizar e produzir uma reflexão sobre a memória de um monumento específico da cidade de São Paulo, a réplica da estátua do imperador Augusto de Prima Porta, hoje localizada no Largo do Arouche, que foi produzida e enviada à capital em 1937 pelo governo italiano da época. Para tanto, discute-se brevemente o papel da estética e do culto à romanidade dentro do projeto político fascista. A seguir, analisa-se a apropriação da imagem de Augusto e da composição iconográfica da estátua de Prima Porta, promovida a fim de estabelecer comparações entre o imperador e Mussolini. Finalmente, investiga-se o contexto de circulação da estátua em São Paulo e seu uso enquanto suporte de memória à comunidade ítalo-paulista.

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Biografia do Autor

  • Giovanni Pando Bueno, Universidade de São Paulo

    Mestrando do Programa de História Social da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

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Publicado

2022-12-23

Como Citar

Bueno, G. P. (2022). Augusto paulistano: a réplica da estátua de Prima Porta em contexto. Ponto Urbe, 30(2), 1-22. https://doi.org/10.11606/50qd2527