Um país sem racismo? Palestinos, negreiros e os lugares de negro e branco em Cuba
DOI:
https://doi.org/10.4000/pontourbe.14014Palavras-chave:
Havana, raça, lugar, racismo, estigmatizaçãoResumo
Cuba é um país singular para se olhar as tensões raciais por diferentes razões. Essa singularidade está diretamente relacionada com este ser o único país das Américas que não apenas realizou uma revolução socialista, mantida há mais de 60 anos, mas também por, apesar de ser o penúltimo país no continente a abolir a escravidão negra, decretar nos primeiros anos da Revolução de 1959 a extinção de toda forma de discriminação racial no país. Porém a efetividade desta ação é contestada por diversos pesquisadores sobre as questões raciais em Cuba pós-revolução. Durante minhas visitas à ilha, pude perceber a persistência do racismo na sua relação com os locais de moradia da parcela negra da população cubana, que mobiliza os medos e ansiedades daqueles que nelas não residem. Lugares-territórios que são marcados racialmente como territórios palestinos, espaços em que são produzidos estigmas raciais em peles negras e brancas.
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