Medicalização da política: a vida social da cloroquina e seus demais agenciamentos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.4000/pontourbe.9382

Palavras-chave:

medicamentos, cloroquina, antropologia da ciência e tecnologia

Resumo

Esse artigo propõe discutir a vida social da substância cloroquina (e hidroxicloroquina) enquanto medicamento agenciado para o tratamento da doença respiratória aguda coronavírus (COVID 19): sua atuação política, seu agenciamento em casos de pandemia, sua manipulação e a segurança de seu consumo. Apesar de não haver estudos comprobatórios da eficácia da cloroquina no tratamento da Covid-19 segundo órgãos e agências sanitárias, a substância ficou (mais) conhecida no Brasil a partir de debates públicos promovidos por lideranças políticas e profissionais de saúde, presentes, por um lado, em discursos estratégicos sobre enfrentamento, prevenção, diminuição de cargas virais e, por outro lado, em discursos científicos que versam sobre a ineficiência da substância contra o vírus, ausência de estudos comprobatórios e ensaios clínicos. A cloroquina é uma controvérsia em questão.

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Biografia do Autor

  • Flora Rodrigues Gonçalves, Universidade Federal de Minas Gerais

    Doutora em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFMG, membro do GESEX (Grupo de Pesquisa Gênero e Sexualidade) – UFMG.

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Publicado

2020-12-10

Edição

Seção

Dossiê: Dias de pandemia: uma descida ao cotidiano da doença

Como Citar

Gonçalves, F. R. (2020). Medicalização da política: a vida social da cloroquina e seus demais agenciamentos. Ponto Urbe, 27, 1-15. https://doi.org/10.4000/pontourbe.9382