Homens, pés e desejo: notas etnográficas sobre a performance da adoração no fetiche da podolatria masculina, no Brasil e nos Estados Unidos
DOI:
https://doi.org/10.4000/pontourbe.8828Palavras-chave:
gênero e sexualidade, etnografia, fetichismo, masculinidades, podolatriaResumo
Estas notas etnográficas começam do chão, mais precisamente, dos pés. De março de 2019 a março de 2020, acompanhei a produção do desejo em torno do fetiche da podolatria masculina em redes sociais, nos grupos do Facebook e nos perfis do Instagram, alcançando as interações em rede no Brasil e nos Estados Unidos. Para tanto, foram extraídos dados dos ambientes on-line por meio da análise de 55 questionários, levantados através dos usuários brasileiros, no sentido de perceber os prazeres nas formas da dominação e submissão na performance da adoração na podolatria. Assim, a maioria dos usuários está em São Paulo, possui entre 18 a 29 anos, prefere o tamanho 40 a 44, com a textura das meias e cheiro do chulé. Embora se concentre no ambiente on-line, a análise das práticas se desdobra para o ambiente off-line, expandindo diário de campo e a observação em rede para uma tarde lambendo pés em Nova Iorque.
Downloads
Referências
Albuquerque Junior, Durval Muniz de. 2013. O que quer e o que pode esta língua?: narrativas do corpo na poesia e na prosa de Glauco Mattoso. Bagoas-Estudos gays: gêneros e sexualidades, v. 7, n. 10: 241-268.
Bourcier, Marie-Hélène. 2014. Bildungs-post-porn: notas sobre a proveniência do pós-pornô, para um futuro do feminismo da desobediência sexual. Bagoas-Estudos gays: gêneros e sexualidades, v. 8, n. 11:15-38.
Butler, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão de identidade. Rio de Janeiro; Civilização Brasileira; 2016.
Deleuze, Gilles; Guattari, Félix. O Anti-Édipo. Rio de Janeiro; Imago, 1976.
Diaz-Benitéz, María Elvira. 2015. O espetáculo da humilhação, fissuras e limites da sexualidade. Mana, v. 21, n. 1: 65-90.
Facchini, Regina; Machado, Sarah Rossetti. 2013. Praticamos SM, repudiamos agressão: classificações, redes e organização comunitária em torno do BDSM no contexto brasileiro. Sexualidad, Salud y Sociedad (Rio de Janeiro), n. 14: 195-228.
Foucault, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro; Graal, 1988.
Foucault, Michel. 2004. Michel Foucault, uma entrevista: sexo, poder e a política da identidade. verve, n. 5: 1-18.
Freud, Sigmund. 2016 [1927]. “O Fetichismo”. In: S. Freud (org.) Inibição, sintoma e angústia: o futuro de uma ilusão e outros textos (1926-1929) – Obras completas. Tradução Paulo César de Sousa. São Paulo: Companhia das Letras, pp. 302-310.
Gregori, Maria Filomena. 2008. Limites da sexualidade: violência, gênero e erotismo. Revista de Antropologia: v.51, n. 2: 575-606.
Hart, Lynda. Between the body and the flesh: performing Sadomasochism. New York; University Press, 1998.
Hine, Christine. Ethnography for the internet: embedded, embodied and everyday. Huntingdon; Bloomsbury Publishing, 2015.
Kozinets, Robert. Netnografia: realizando uma pesquisa etnográfica online. Porto Alegre; Penso Editora, 2014.
Leitão, Débora Krischke; Gomes, Laura Graziela. 2017. Etnografia em ambientes digitais: perambulações, acompanhamentos e imersões. Antropolítica - Revista Contemporânea de Antropologia, v. 1, n. 42: 41-65.
Leitão, Débora Krischke; Gomes, Laura Graziela. 2018. Gênero, sexualidade e experimentação de si em plataformas digitais on-line. Civitas - Revista de Ciências Sociais, v. 18, n. 1:171-186.
Mattoso, Glauco. Manual do podólatra amador. São Paulo; Editora Expressão, 1986.
McClintock, Anne. 1993. “Maid to Order: Commercial S/M and Gender Power”. In: GIBSON, Pamela; GIBSON, Roma (orgs.) Dirty Looks. London; British Film Institute.
Miller, Daniel; Horst, Heater. 2012. (org.) Digital Antropology. Londres; Berg.
Miskolci, Richard. 2013. Machos e Brothers: uma etnografia sobre o armário em relações homoeróticas masculinas criadas on-line. Revista Estudos Feministas, v. 21, n. 1: 301-324.
Miskolci, Richard. Desejos digitais: uma análise sociológica por parceiros on-line. São Paulo; Autêntica, 2017.
Parreiras, Carolina. 2012. Altporn, corpos, categorias e cliques: notas etnográficas sobre pornografia online. Cadernos Pagu, n. 38: 197-222.
Parreiras, Carolina. 2008. Sexualidades no pontocom: espaços e homossexualidades a partir de uma comunidade on-line. Dissertação de Mestrado em Antropologia Social, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
Pelúcio, Larissa. 2016. Afetos, mercado e masculinidades contemporâneas: notas iniciais de uma pesquisa em aplicativos móveis para relacionamentos afetivos/sexuais. Contemporânea, v. 6, n. 2: 309-333.
Pelúcio, Larissa. 2020. Um match com os conservadorismos: masculinidades desafiadas nas relações heterossexuais por meios digitais. Interfaces Científicas-Educação, v. 8, n. 2: 31-46,
Perlongher, Nestor. O Negócio do Michê. São Paulo; Brasiliense, 1987.
Porchat, Patrícia; Godeguezi, Vinicius. 2017. O corpo, o dildo, a carne e o fetiche: Preciado com Freud. Revista de Psicanálise da SPPA, v. 24, n. 1: 105-119.
Preciado, Beatriz. 2009. “Terror anal: apuentes para los primeiros días de la revolución sexual”. In: Hocquenghem, Guy. El deseo homossexual. España: Editoral Melusina, pp. 135-174.
Preciado, Beatriz. Manifesto contrassexual. São Paulo; N-1 edições, 2014.
Preciado, Paul B. Texto Junkie: sexo, drogas e biopolítica na era farmacopornográfica. São Paulo; N-1 edições, 2018.
Safatle, Vladimir. Fetichismo: colonizar o outro. Rio de Janeiro; Civilização Brasileira, 2015.
Segata, Jean. 2008. Da arte de se traduzir: Corporalidades e gênero nos mundos possíveis no ciberespaço. Campos-Revista de Antropologia, v. 9, n. 1: 159-176.
Segata, Jean. 2014. A etnografia como promessa e o “Efeito Latour” no campo da cibercultura. Ilha Revista de Antropologia, v. 16, n. 2: 69-87.
Zilli, Bruno. A perversão domesticada: BDSM e consentimento sexual. Rio de Janeiro; Papéis Selvagens, 2018.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Ribamar José de Oliveira Junior

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
