As religiões ayahuasqueiras, patrimônio cultural, Acre e fronteiras geográficas
DOI:
https://doi.org/10.4000/pontourbe.1640Palavras-chave:
ayahuasca, acre, patrimônio cultural, antropologiaResumo
Em abril de 2010, a Assembleia Legislativa do Acre concedeu os títulos de cidadão do Acre a Raimundo Irineu Serra (fundador do Santo Daime), Daniel Pereira de Mattos (fundador da Barquinha) e José Gabriel da Costa (fundador da União do Vegetal) (ALEAC, 2010). Três anos antes, em abril de 2008, essas três vertentes religiosas haviam entrado com um pedido de reconhecimento da ayahuasca como patrimônio cultural imaterial brasileiro junto ao Instituto do patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), para o qual ainda aguardam resposta (Queiroz et. al, 2008). Em setembro de 2006, as instalações da vertente do Santo Daime, denominada Centro de Iluminação Cristã Luz Universal – CICLU-Alto Santo foram tombadas como patrimônio histórico e cultural do Acre por um decreto do governador Jorge Viana e do prefeito Raimundo Angelim (Labate & Goldstein 2009). Este processo representa uma importante conquista na história dos grupos ayahuasqueiros, que têm sido, desde a sua origem, frequentemente perseguidos (MacRae 2008 e 2010; Goulart 2004; Labate 2005). A relação destes grupos com o poder público do Acre e a transição da ayahuasca do estigma de droga perigosa para status de patrimônio cultural regional e nacional representam uma importante transformação, e muito pouco foi escrito sobre isto até o momento.
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