Os bandeirantes ainda estão entre nós: reencarnações entre tempos, espaços e imagens

Autores

  • Thais Chang Waldman Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/es3p8s46

Palavras-chave:

memória e imaginário urbano, monumentos públicos, são paulo, borba gato, julio guerra

Resumo

Acompanhar as flutuações e os percursos bandeirantes na cidade de São Paulo significa balizar os usos que pessoas e grupos fazem desse personagem para dar sentido a suas experiências em momentos e lugares específicos. Produzido no interior de uma teia de práticas e discursos, o bandeirante não é uma categoria fixa, tampouco tem seu significado dado de antemão. Para além de figura histórica do período colonial brasileiro, trata-se da invenção de uma metrópole que ele mesmo ajuda a produzir, numa operação na qual sobrepõe, cruza, destrói e reinventa discursos, atitudes e miradas, muitas vezes contraditórias. Sensível às transformações da cidade, ele comenta as mudanças urbanas e lhes confere sentido, engendrando-as e produzindo-as. Atenta às reelaborações locais e às tantas historicidades nele impregnadas, sigo neste artigo os itinerários de algumas figurações desse personagem que, ao se recriar no tempo e com o tempo, condensa e articula diferentes embates, temporalidades e sentidos.

Biografia do Autor

  • Thais Chang Waldman , Universidade de São Paulo

    Doutora em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (FFLCH/USP), atualmente é pós-doutoranda pelo Museu Paulista (MP/USP), com bolsa FAPESP.

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Publicado

2019-12-25

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Waldman , T. C. . (2019). Os bandeirantes ainda estão entre nós: reencarnações entre tempos, espaços e imagens. Ponto Urbe, 25, 1-28. https://doi.org/10.11606/es3p8s46