“Cidade pequena não dá pra travesti, é só fumo”: performatização da identidade travesti e o contexto urbano mossoroense

Autores

  • Pietra Conceição Azevedo
  • Elcimar Dantas Pereira

DOI:

https://doi.org/10.4000/pontourbe.7901

Palavras-chave:

travestis, urbanidades, performance identitaria, etnografia

Resumo

A partir da pesquisa de campo etnográfica realizada com quatro travestis entre julho de 2015 e setembro de 2017, nos moldes da antropologia social com base na observação participante, refletimos como o contexto urbano influencia na performance identitária das travestis na cidade de Mossoró/RN. Após apresentar as interlocutoras e delinear os percursos e ambientes da pesquisa, traçamos uma reflexão socioantropológica sobre a cidade, tendo por base o contexto citadino mossoroense. Em seguida, nos detemos a como as travestis constroem seus projetos interseccionando a prostituição e a afetividade, e por último discutimos sobre territorialidades e (des)centramento da performance identitária das travestis. Estas significam e simbolizam a cidade - em seus lugares, fluxos e ritmos - enquanto localidade do urbano que territorialmente tem influência protuberante em suas performances identitárias, onde o campo de possibilidades é ampliado pela cidade na construção de seus corpos, suas performances, suas identidades e seus deslocamentos.

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Publicado

2020-04-19

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Como Citar

Azevedo, P. C. ., & Pereira, E. D. . (2020). “Cidade pequena não dá pra travesti, é só fumo”: performatização da identidade travesti e o contexto urbano mossoroense. Ponto Urbe, 26, 1-22. https://doi.org/10.4000/pontourbe.7901