Antropologia, feminismo e juventude em contraposição: questões para refletir sobre a prática etnográfica com jovens
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1981-3341.pontourbe.2025.224543Palavras-chave:
Antropologia, Feminismo, Etnografia, Juventude, GeraçãoResumo
Esse artigo objetiva refletir sobre dificuldades e possibilidades teórico-metodológicas que partem dos diálogos entre os estudos antropológicos sobre a juventude e o feminismo. Com discussões mais amplas sobre antropologia, feminismo e etnografia, apresentam-se análises sobre as consequências da distinção eu/outros na produção de conhecimento. Com isso, busca-se pensar em maneiras de não reproduzir essa distinção, mas também escapar de escolhas que suprimem pontos fortes e específicos feministas e antropológicos. Assim, coloca-se em destaque a objetividade feminista proposta por Donna Haraway (1995) e concepções que compreendem a etnografia como forma de produção de teorias ou conhecimentos etnográficos. Considerando a necessidade de produzir teorizações próximas à realidade social, destacam-se contraposições entre análises sobre relações intergeracionais no feminismo e experiências vivenciadas com um coletivo feminista de secundaristas localizado em uma escola pública de ensino fundamental da zona leste paulistana.
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