Uma arquitetura barroco-mestiça: contribuições sefarditas nas casas bandeiristas
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2317-2762.posfauusp.2025.230800Palabras clave:
Sefarditas, Casas Bandeiristas, Barroco-mestiçoResumen
A arquitetura popular brasileira compõe-se como uma marchetaria de formas mestiças que se intercruzam em profusão barroca: nos excessos, nas intransigências e nos paradoxos, para ficarmos somente em três características. Não cabe buscar as origens dessa arquitetura no sentido de apontar uma identidade pura que a tenha miticamente criado. Não faz sentido por inalcançável, inexistente. Cabe olhar o crisol da mestiçagem e descobrir diferentes contribuições que se agregaram na composição. Ao se tratar das casas bandeiristas paulistas, podemos levantar diversas hipóteses de contribuições sefarditas, por meio das famílias de cristãos-novos, judaizantes ou não, que participaram dos processos de sua concepção. Essas hipóteses partem do estudo genealógico dos primeiros proprietários, encontrando seus antepassados cristãos-novos, muitos com processos que, julgados pelo tribunal da Inquisição, levaram ao cárcere ou à fogueira. Partindo desse princípio, são levantadas conjecturas a respeito de algumas decisões arquitetônicas que podem apontar para uma vivência profunda da religiosidade e do entendimento místico da realidade e do estar no mundo desses primeiros povoadores ibéricos na região.
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